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    Bancos centrais no mundo divergem em respostas sobre inflação e Ômicron

    Discrepâncias em medidas de contenção ao coronavírus entre superpotências criam adversidades para os negócios da economia global

    Julia Horowitzdo CNN Business

    A recuperação econômica pós-pandemia sempre foi desigual, com diferentes partes do mundo retornando ao normal em velocidades diferentes.

    Mas essa desigualdade pode piorar, criando dores de cabeça para os legisladores, que precisam que gerenciar o que pode acontecer em seguida.

    O que está acontecendo: os maiores bancos centrais do mundo farão declarações antecipadas sobre suas políticas esta semana.

    Mas, ao contrário do início da pandemia, quando suas ações para evitar uma depressão global foram bem sincronizadas, as respostas à inflação e à nova mutação Ômicron devem variar enormemente.

    Economistas agora acreditam que o Federal Reserve (o Banco Central dos EUA) deve anunciar uma rápida reversão de seu programa de compra de ações criado para a pandemia para combater preços altos.

    Em novembro, os preços ao consumidor nos Estados Unidos subiram no ritmo mais rápido em quase 40 anos.

    O Fed não aparenta estar intimidado pelas preocupações sobre a propagação da variante Omicron, uma vez que os Estados Unidos até agora evitaram implementar novas restrições.

    O consumo ainda aparenta estar forte, e pedidos de benefícios em relação a desemprego caíram recentemente para seu menor nível em 52 anos.

    “A história da atividade ainda é muito boa. As evidências recentes que a Ômicron não estão tendo um grande impacto no comportamento de consumo”, contou James Knightley, economista-chefe internacional na ING.

    Enquanto isso, na Europa, algumas restrições foram rapidamente reimpostas pelos governos. A Alemanha anunciou um lockdown nacional para os não-vacinados, barrando-os do acesso aos serviços mais essenciais, e a Inglaterra mais uma vez está direcionando a população a trabalhar remotamente, se possível.

    Mesmo antes da chegada da Ômicron, a recuperação econômica na Europa estava perdendo o ritmo devido a problemas nas cadeias de fornecimento e ao alto número de casos de coronavírus. A economia do Reino Unido cresceu apenas 0,1% em outubro.

    Isso coloca o Banco da Inglaterra e o Banco Central europeu em uma posição difícil já que eles também tentam lutar contra a inflação. Se eles se mexerem rápido demais para retirar os suportes e tentar controlar os preços, arriscam reverter ganhos conquistados em atividade e empregos.

    Knightley espera que o Banco da Inglaterra se contenha de aumentar taxas de juros este mês, como se era esperado anteriormente. Ele acrescentou que o ECB poderia anunciar um programa transitório de compra de ações para evitar ficar à beira do penhasco em março, quando se prevê o fim da era de compras relacionadas à pandemia.

    De olho na China: Enquanto isso, a China não está pensando em quando restringir suas políticas, está de volta no modo de flexibilização, conforme sua economia desacelera e incorporadoras imobiliárias deixam de pagar suas dívidas.

    Na semana passada, o país anunciou que vai cortar a quantidade de dinheiro que os bancos devem manter em suas reservas pela segunda vez no ano, liberando US$ 188 bilhões para negócios e empréstimos.

    “A necessidade é alta”, disse Jeffrey Sacks, diretor de estratégias de investimento para a Europa, Oriente Médio e África, no Citi Private Bank. “Os dados econômicos do início do verão até agora estão enfraquecendo”.

    A recuperação da China começou mais cedo do que na Europa e nos Estados Unidos, então terminou mais rápido. A repressão do governo aos empréstimos excessivos no setor imobiliário do país também contribuiu para a desaceleração. Mas Pequim também precisa se preocupar com os altos preços ao produtor, observou Knightley.

    Porque isso é importante: em março de 2020, estava claro o que os bancos centrais deveriam fazer para evitar uma catástrofe. Mas reverter o curso agora não será fácil. A tarefa é ainda mais difícil devido às diferenças regionais que podem obscurecer a direção dessa viagem.

    “É um caminho muito, muito difícil para os bancos centrais trilharem agora”, disse Knightley. “Você tem riscos operando em ambos os lados”.

    Surgem esperanças em meio ao pesadelo da cadeia de abastecimento

    O congestionamento épico dos portos está diminuindo. Os preços dos fretes estão caindo após níveis altíssimos. As entregas estão acelerando aos poucos.

    Cada vez mais, há sinais de que a bagunça da cadeia de suprimentos está finalmente começando a ser limpa, relata meu colega da CNN Business, Matt Egan.

    Isso não quer dizer que o pesadelo da cadeia de abastecimento acabou. E a situação pode não voltar ao normal tão cedo.

    As empresas ainda estão lutando contra uma falta preocupante de motoristas de caminhão. Componentes críticos, incluindo chips de computador, permanecem escassos.
    E a variante Ômicron ameaça colocar uma nova pressão nas cadeias de abastecimento.

    Ainda assim, há evidências de que os gargalos estão começando a ser desobstruídos. Isso é encorajador, dado que o estresse sem precedentes nas cadeias de suprimento contribuiu significativamente para os níveis históricos da inflação nos Estados Unidos.

    “Estou cada vez mais confiante de que o pior parece ter passado”, diz Matt Colyar, economista da Moody’s Analytics. “Há dados sugerindo que as coisas estão melhorando. Mas ainda há muita incerteza”.

    Lembre-se: as redes de logística ficaram sob enorme pressão quando a economia mundial se fechou no início da Covid – e então reabriu rapidamente. A demanda por produtos disparou e as cadeias de abastecimento Just-in-Time se curvaram sob a pressão.

    Surto de coronavírus e protocolos de saúde inconsistentes em todo o mundo aumentaram a confusão.

    Mas motivos para otimismo podem ser encontrados em relatórios econômicos recentes.

    Por exemplo, o índice de pedidos em atraso na pesquisa de manufatura do Institute for Supply Management caiu para 61,9 em novembro, frente a uma alta recorde de 70,6 em maio.

    Os pedidos em atraso ainda estão crescendo, mas em um ritmo mais lento. E as taxas de entrega dos fornecedores parecem estar melhorando, embora em níveis muito baixos.
    O índice de manufatura do Dallas Federal Reserve Bank mostrou que o nível de pedidos não atendidos diminuiu em novembro e a quantidade de tempo para entrega das mercadorias caiu.

    “Ainda vai levar muito tempo para que as cadeias de abastecimento em todo o país sejam totalmente restauradas, mas pelo menos os primeiros passos parecem estar no lugar em direção a normalidade”, escreveu Thomas Simons, economista da Jefferies, em uma nota recente aos clientes.

    (Texto traduzico. Clique aqui para ler o original)

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