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    Banco Mundial projeta crescimento de 4,5% para o Brasil em 2021

    Documento destaca que piora da crise sanitária na região deve conter incremento da atividade econômica

    Ana Carolina Nunes, do CNN Brasil Business, em São Paulo*

     

    O Banco Mundial divulgou nesta terça-feira (08) seu relatório Perpectivas Econômicas Globais, indicando que o Brasil deve registrar crescimento de 4,5% em 2021. De acordo com o relatório, o incremento da atividade econômica no país deve ser contido por conta da piora na pandemia de Covid-19 neste ano. É bom lembrar que, em 2020, o Produto Interno Bruto (PIB) do país recuou 4,1%.

    Para a região da América Latina e Caribe, a economia deve avançar 5,2% com a flexibilização das medidas de mitigação da pandemia, o início da vacinação, a estabilização dos preços das principais commodities e a melhoria das condições externas. No ano passado, o PIB da região recuou 6,5%. 

    A economia no México deve crescer 5% em 2021, impulsionada pelos setores de manufatura e serviços, que devem ser beneficiados pela crescente demanda de exportação associada ao forte crescimento dos Estados Unidos. A recuperação econômica da Argentina deve chegar a 6,4% em 2021, mas desacelerar para 1,7% em 2022. Já a Colômbia deve crescer 5% neste ano, enquanto a economia chilena deve aumentar 5,5%. A estimativa de crescimento para o Peru é de 10,3% para neste ano — sem ainda recuperar a queda de 11,1% do ano passado.

     

    O relatório destaca que a região continua a ser seriamente afetada pela pandemia da Covid-19, com os números de novos casos voltando a subir após um declínio no início de 2021. Lembra ainda que a vacinação é muito desigual entre os países. O Brasil, em particular, está enfrentando o surgimento de variantes que não apenas infectaram, mas reinfectaram pessoas, diz o documento.

    Já a previsão do Banco para o crescimento mundial é de  5,6% em 2021, marcando a recuperação mais forte de uma recessão em 80 anos devido aos estímulos dos Estados Unidos e crescimento mais rápido na China, mas contido pelo acesso “altamente desigual” às vacinas contra a Covid-19. No ano passado, o PIB mundial recuou 3,5%.

    O relatório Perspectivas Econômicas Globais mais recente mostrou um aumento de 1,5 ponto percentual em relação às previsões feitas em janeiro, antes que o governo de Joe Biden assumisse a presidência americana e promulgasse um pacote de estímulo de US$ 1,9 trilhão nos Estados Unidos.

    Desde então, as vacinas se tornaram bem mais distribuídas de forma ampla nos Estados Unidos e em alguns outros países ricos, aumentando sua produção, enquanto as previsões para os mercados emergentes e em países de baixa renda ficam para trás.

    “Essa recuperação é desigual e reflete em grande parte as fortes recuperações em algumas das principais economias — principalmente nos Estados Unidos, devido ao substancial apoio fiscal —,  em meio a um acesso altamente desigual às vacinas”, disse o Banco Mundial no relatório.

    Muitos mercados emergentes e economias em desenvolvimento estão observando um número elevado de casos de Covid-19, obstáculos na vacinação e retirada do apoio, complementou o banco.

    Se a distribuição de vacinas para os países em desenvolvimento for acelerada, Ayhan Kose, economista do Banco Mundial, disse que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial em 2022, atualmente previsto em 4,3%, pode aumentar substancialmente para cerca de 5%.

    A previsão de crescimento do Banco Mundial para os EUA em 2021 aumentou em 3,3 pontos percentuais, para 6,8% no relatório mais recente, ritmo mais rápido desde 1984, devido ao apoio econômico que o banco descreveu como “sem precedentes em tempos de paz”.

    A previsão para a zona do euro foi elevada em 0,6 ponto percentual, para 4,2%, enquanto a da China melhorou em 0,6 ponto percentual, para 8,5%.

    O presidente do Banco Mundial, David Malpass, tem pedido aos países ricos, incluindo os Estados Unidos, que liberem as doses excedentes de vacinas contra a Covid-19 para países em desenvolvimento o mais rápido possível.

    Inflação

    O relatório do Banco Mundial também observou riscos associados ao aumento das pressões inflacionárias que acrescentarão cerca de 1 ponto percentual à inflação global em 2021. O banco disse que a queda da inflação no ano passado foi “a mais fraca e de vida mais curta de qualquer uma das cinco recessões globais nos últimos 50 anos”.

    E o aumento da inflação desde maio de 2020 tem sido mais rápido do que em recuperações anteriores, mas o banco afirma que as expectativas de inflação devem permanecer bem ancoradas, apontando para uma inflação baixa e estável no longo prazo.

    O relatório também acrescentou que as preocupações do mercado com a inflação podem aumentar os custos dos empréstimos em mercados emergentes e países de baixa renda, que também são os mais desafiados pela inflação de curto prazo devido ao aumento dos custos dos alimentos.

    Pobreza

    O relatório aponta que os efeitos prolongados da pandemia permanecem graves. Os níveis de emprego não retornaram aos níveis pré-pandemia e as perdas de receita agravaram a pobreza e a segurança alimentar. O Banco Mundial estima-se que aproximadamente 20 milhões de pessoas tenham passado para níveis abaixo da linha de pobreza, com menos de US$ 5,50 por dia.

    *Com Reuters

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