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    Auxílio emergencial representa 10% ou mais da economia local em 31% das cidades

    A maioria desses municípios fica nas regiões Norte e Nordeste, onde persistem localidades com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)

    Pessoas fazem fila em agência da Caixa para tentar receber o auxílio emergencial
    Pessoas fazem fila em agência da Caixa para tentar receber o auxílio emergencial Foto: Pilar Olivares - 29.abr.2020/Reuters

    Iuri Pittada CNN

    As cinco parcelas do auxílio emergencial, cuja prorrogação foi confirmada na terça-feira (30) pelo presidente Jair Bolsonaro, representam pelo menos 10% da economia local em quase um terço dos municípios brasileiros. É um retrato do impacto do programa, criado para atender a trabalhadores informais e autônomos durante a pandemia do coronavírus, principalmente nas cidades que já contavam com a movimentação de recursos de outros benefícios sociais, em especial o Bolsa Família. 

    Cálculos dos economistas Ecio Costa, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e Marcelo Freire, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, mostram que a soma dos 5 pagamentos de 600 reais equivale a 10% ou mais do Produto Interno Bruto (PIB) de 2019 registrado em 1.709 dos 5.570 municípios brasileiros. Em quase uma centena de cidades (92 localidades), o volume de dinheiro supera a economia local em pelo menos 20%. 

    A maioria dessas cidades fica nas regiões Norte e Nordeste, onde persistem localidades com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e outros indicadores sociais e se registra alta proporção de população já beneficiada por outros programas sociais, como o Bolsa Família. 

    Santarém Novo, no Pará, lidera o ranking de maior impacto do auxílio emergencial: as parcelas do benefício temporário somadas representam 27,2% do PIB da cidade em 2019. Das dez cidades com maior percentual, cinco ficam no Maranhão. 

    “Nessas localidades, que já tem alta proporção de população beneficiárias de programas como o Bolsa Família, o auxílio emergencial representou um incremento de renda e circulação de dinheiro”, diz Ecio Costa. “Em todo o Nordeste e Norte, à exceção de Rondônia, a principal origem dos beneficiários é o Bolsa Família, enquanto nas outras regiões o maior canal de acesso foi o aplicativo digital.” 

    PIB nos estados

    Costa observa que, quando se estima a soma dos cinco pagamentos do auxílio emergencial em comparação ao PIB dos estados em 2019, apenas oito unidades federativas apresentam um percentual inferior ao índice nacional. Mesmo UFs do Sudeste e Centro-Oeste, como Minas Gerais, Espírito Santo e Goiás, registram números superiores ao do país – 2,46%, na estimativa dos economistas de Pernambuco. 

    O Maranhão é o que registra maior impacto do auxílio emergencial no PIB, com 8,6%, seguido por Piauí (7,9%), Paraíba (6,7%), Alagoas e Ceará (6,4% em ambos). O estudo, levando em conta as três primeiras parcelas do benefício e com o ranking das unidades federativas, foi publicado pelo jornal Valor Econômico e atualizado pelos economistas a pedido da CNN. 

    Embora considerem que o auxílio emergencial apresenta boa focalização, sendo mais relevante nos municípios social e economicamente mais vulneráveis, os economistas apresentam pontos de atenção, como o fato de ainda existirem municípios com menos de uma agência da Caixa Econômica Federal ou lotérica por 1 mil habitantes e o acesso à internet.