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    Argentina deixa de pagar US$ 500 mi de juros da dívida e tem 9ª moratória

    O país deixou nesta sexta (22) de pagar remuneração que venceu em 22 de abril e tinha recebido um período de carência de 30 dias

    A Argentina deixou de fazer nesta sexta-feira pagamentos de cerca de US$ 500 milhões em cupons de bônus já atrasados, disseram credores e uma agência de classificação de risco, marcando o nono default soberano do país em meio a negociações de reestruturação com credores.

    A inadimplência em três títulos ocorreu no momento em que as negociações para dar nova cara a cerca de US$ 65 bilhões em dívida externa se intensificaram, com o ministro da Economia, Martín Guzmán, dizendo que as negociações estavam em um curso positivo, apesar da “distância importante” até um acordo.

    Uma fonte próxima às negociações e familiarizada com o pensamento do governo disse à Reuters que os dois lados estavam fazendo progressos substanciais e que um acordo abrangente era possível em “questão de dias, não meses”.

    A Argentina e seus credores, que negociaram propostas no último mês, indicaram que estavam ansiosos para evitar um default conturbado que poderia desencadear anos de litígio e bloquear o acesso ao mercado global de capitais ao país, importante produtor de grãos.

    A Argentina adiou o prazo para um acordo até 2 de junho, em meio a sinais de que os dois lados podem estar mais perto de um consenso. O default, no entanto, pode complicar as coisas.

    “A Argentina hoje falhou no pagamento de US$ 503 milhões em juros originalmente previsto para 22 de abril”, disse em comunicado Gabriel Torres, um dos vice-presidentes da Moody’s, acrescentando que isso é consistente com a atual avaliação de crédito soberano da agência para o país. Os pagamentos dos títulos tiveram um período de carência de 30 dias.

    “Esperamos que o caminho a seguir para a reestruturação da dívida na Argentina provavelmente se torne mais problemático”, acrescentou Torres.

    O embaixador da Argentina nos Estados Unidos havia escrito anteriormente em uma carta obtida pela reportagem que o país deixaria de fazer os pagamentos desta sexta-feira, dada a “perspectiva de chegar a um acordo com seus credores sobre novos termos para seus títulos”.

    Guzmán disse em comunicado que o pagamento de juros faz parte de uma discussão mais ampla sobre reestruturação “e esperamos que isso seja tratado no acordo mais abrangente que estamos buscando”.

    O ministro disse à Reuters na quinta-feira que o governo planeja alterar sua oferta aos credores com base em negociações nos próximos dias.

    “Esses são tempos críticos. O que é alcançado agora afetará as vidas de milhões de pessoas e provavelmente terá efeitos em toda uma classe de ativos”, disse ele.

    “Ações falam mais alto que palavras”

    Os credores também têm mostrado sinais de flexibilidade e indicaram que não devem tomar medidas imediatas contra a Argentina por causa de qualquer default, desde que as negociações estejam no caminho certo.

    Um grande grupo de credores, que detém cerca de US$ 16,7 bilhões em bônus internacionais da Argentina, disse nesta sexta-feira que, embora o não cumprimento de pagamento provoque default em vários títulos, a Argentina está buscando um acordo abrangente.

    O Ad Hoc Bondholder Group, incluindo nomes como Ashmore, BlackRock e AllianceBernstein, alertou que deseja mais compromisso da parte da Argentina, o que, para o grupo, ainda está faltando.

    “O grupo saúda a expressão argentina de uma intenção de trabalhar com credores, mas as ações falam mais alto que as palavras”, afirmou. “No último mês, a Argentina não teve praticamente nenhum compromisso substancial com seus credores.”

    O Comitê de Credores da Argentina, outro dos principais grupos, disse que se opôs à decisão do país de deixar de pagar seus títulos internacionais, embora continue comprometido a buscar um bem-sucedido acordo de reestruturação.

    “Esse último default, se não for prontamente resolvido, impedirá o acesso ao mercado de capitais internacional necessário para a recuperação da economia argentina e, portanto, será prejudicial para o povo argentino.”

    A diretora regional da Economist Intelligence Unit para a América Latina e o Caribe, Fiona Mackie, disse em nota que um default tornaria o acordo ainda mais crucial para a economia argentina, que já está em recessão há dois anos.

    “Sem ele, a Argentina enfrenta uma perspectiva perturbadora não apenas neste ano, mas nos próximos anos”, escreveu ela, acrescentando que o medo de perder o acesso aos mercados de crédito estimularia o governo a fechar um acordo.

    “A alternativa é sombria e inclui o risco crescente de uma espiral hiperinflacionária, enquanto a atividade econômica permanece contida por restrições de financiamento”, disse ela.

    (Por Cassandra Garrison e Adam Jourdan e Hugh Bronstein)

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