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    Argentina cria “dólar Coldplay” e “dólar Catar” em tentativa de controlar crise

    Governo emitiu novas variações do dólar para auxiliar setor de eventos e evitar saída de divisas do país; total de versões da moeda chega a 14

    Tamara Nassifdo CNN Brasil Business , em São Paulo

    O governo da Argentina anunciou, na última terça-feira (11), a criação de duas novas versões da moeda norte-americana na tentativa de conter a crise econômica: os chamados “dólar Coldplay” e o “dólar Catar“.

    Os nomes inusitados têm motivo. O primeiro, batizado em homenagem à banda britânica que em breve fará 10 shows em território argentino, representa um acordo com o setor cultural, que poderá ter acesso à moeda estrangeira a um preço menor.

    A ideia é incentivar a ida de artistas internacionais ao país, cujo agravamento da crise econômica tem colocado freios no meio cultural. A nova variação, segundo noticiado por veículos de imprensa estrangeiros, permite que empresários do setor consigam continuar com suas atividades e garantam postos de trabalho ligados à produção de eventos.

    Já o “dólar Catar”, assim nomeado por causa da Copa do Mundo e da expectativa de maiores gastos de viajantes argentinos no exterior, será aplicado ao consumo acima de US$ 300 em cartões de crédito e débito, a uma taxa de câmbio de 300 pesos por dólar.

    A 204 pesos, o “dólar Coldplay” tem um valor mais acessível que os quase 300 pesos do chamado dólar “blue”, a “versão clandestina” do dólar oficial.

    Desde 2018, a Argentina mantém em curso uma política que restringe a compra de dólares para mantê-los no país, carente de moeda estrangeira. A medida permite que apenas alguns poucos setores da economia, geralmente ligados a bens de capital e insumos industriais, tenham acesso ao dólar oficial, a 149 pesos.

    Pessoas físicas, que queiram destinar o dinheiro para poupança ou viagens, também podem comprar a esse valor, mas são limitadas a apenas US$ 200 por mês.

    O dólar “blue”, por outro lado, circula amplamente no país. Apesar de ilegal, a moeda clandestina regula o mercado de preços na Argentina e é vendida em casas de câmbio especializadas, à força da vista grossa de autoridades argentinas.

    O atual cenário de escassez de divisas, somado aos compromissos do país com o Fundo Monetário Internacional (FMI) de acumular reservas monetárias, tem levado a Argentina a adotar novas medidas para o câmbio. Agora, a Argentina tem 14 variações da moeda estrangeira em vigor —algumas também com nomes incomuns, como “dólar Netflix” e “dólar soja”.

    “Tomamos essa medida porque recebemos reclamações de setores da economia e porque queremos cuidar das reservas para produção e geração de empregos. Para isso, é preciso evitar a fuga de divisas”, disse Carlos Castagneto, chefe da AFIP (Receita Federal Argentina) em entrevista a jornalistas na terça.

    “Não estamos proibindo a compra de mercadorias ou pacotes turísticos, apenas encarecendo o dólar para proteger nossas reservas.”

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