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    Após autoridades federais, empresários vão discutir Amazônia com governadores

    A articulação que envolve mais de 60 das maiores companhias atuantes no país, tomou a decisão após reunião com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia

    Iuri Pittada CNN

    O movimento de CEOs e entidades empresariais em defesa de uma agenda ambiental mais efetiva no Brasil vai discutir as políticas de proteção da Amazônia com os nove governadores da região. A articulação que envolve mais de 60 das maiores companhias brasileiras e multinacionais atuantes no país tomou a decisão após reunião com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), realizada na manhã desta terça-feira (28). 

    Fazem parte do Consórcio da Amazônia Legal os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Maranhão, Rondônia, Roraima, Mato Grosso e Tocantins. O grupo também esteve com o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, no começo do mês.

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    A rodada de reunião com o consórcio interestadual vai ocorrer após encontros dos CEOs com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), o do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, e com o procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras. Participam do grupo os três principais bancos brasileiros (Bradesco, Itaú e Santander), grandes indústrias, como Ambev, Suzano e Vale, multinacionais de serviços e do agronegócio, como ADM e Cargill, entre outras companhias.

    “Narrativa suicida” 

    Na conversa desta manhã, que durou cerca de duas horas, Maia esteve acompanhado dos deputados Rodrigo Agostinho (PSB-SP), presidente da Frente Parlamentar Ambientalista, e Zé Silva (SD-MG), autor do projeto de lei de regularização fundiária em discussão na Casa. No início da reunião, o presidente da Câmara se comprometeu a construir uma agenda ambiental positiva e criticou a forma como o governo conduziu a crise no setor, alvo de desgaste entre formadores de opinião e investidores internacionais, que não descartam reduzir seus ativos no Brasil pelas “incertezas” relacionadas às políticas da área. 

    “Era uma morte anunciada. Vamos trabalhar para reverter. Narrativa do governo na área ambiental era suicida”, afirmou Maia, de acordo com relatos de participantes da reunião. Na tarde desta terça-feira, o presidente vai se reunir com deputados para começar a formatar um grupo específico para consolidação de uma agenda ambiental positiva na Câmara, como o próprio Maia havia anunciado em entrevista à CNN

    Para os empresários, o ponto principal da conversa foi a disposição dos deputados em construir políticas de retomada da economia associadas à sustentabilidade, nos moldes do que países europeus têm discutido em função da pandemia do coronavírus. 

    “Se não colocarmos de maneira organizada a agenda ambiental, vamos perder um campo de atuação muito importante”, afirmou a presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Marina Grossi, em entrevista coletiva após a reunião, realizada por videoconferência.

    “Risco de desinvestimento” 

    Outro articulador do movimento, o presidente do Pacto Global, Carlo Pereira, destacou o risco de saída de capital estrangeiro do Brasil caso as atividades no país não contemplem práticas da economia circular e de baixo carbono.

    “Os desinvestimentos vão continuar se os fundos não sentirem segurança nas empresas do Brasil”, disse. “Se não tiver resposta adequada, vai ter evasão de recursos.” 

    Essa mesma preocupação foi apontada após a reunião pelo deputado Rodrigo Agostinho. “Os grandes bancos brasileiros deixaram claro que há uma cobrança dos investidores internacionais em relação a quem recebe o crédito. Ninguém quer emprestar dinheiro para financiar desmatamento”, afirmou. 

    Para Zé Silva, a reunião ajudou a esclarecer pontos do projeto de lei de regularização fundiária e, com isso, afastar a associação com a extinta medida provisória que ficou conhecida como MP da grilagem. “Conseguimos explicar que é o oposto, é o projeto de lei da antigrilagem.”

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