Ao contrário de Guedes, economista diz que recuperação econômica não será em ‘V’
No entanto, para José Roberto Barros, o pior da crise do novo coronavírus na economia brasileira já passou
O economista José Roberto Barros acredita que o pior da crise do novo coronavírus na economia brasileira já passou, mas que a recuperação não é em ‘V’ – com rápida queda e rápida melhora –, ao contrário do que afirmou o ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta terça-feira (1º).
O motivo dessa melhora no segundo trimestre, falou Barros em entrevista à CNN, se dá pelo fato de milhares de brasileiros estarem recebendo algum tipo de transferência do governo federal.
“No segundo semestre, o coronavoucher [auxílio emergencial] vai cair pela metade, e no ano que vem, vai ter muito menos gente recebendo recurso. Com isso, o primeiro semestre do ano que vem será bem fraco”, avaliou o economista.
Com a pandemia, o Produto Interno Bruto (PIB) retraiu 9,7% no 2º trimestre. O número foi divulgado na manhã de hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o resultado, o país entra oficialmente em recessão técnica, que acontece após recuo da atividade econômica por dois trimestres consecutivos.
Na divulgação dos resultados do segundo trimestre, o IBGE também revisou o resultado do trimestre anterior. Com a alteração, o valor passou de uma queda de 1,5% para um tombo de 2,5%.
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Para Barros, o que esse dado nos diz sobre a economia do país antes da pandemia é que já vínhamos com um crescimento “muito modesto” e que os primeiros quinze dias da doença no país foram “desastrosos”.
“Mostra também que a nossa recuperação é muito mais desafiante do que imaginar apenas uma retomada, porque caiu muito”, falou ele.
Os dados mostraram ainda uma disparidade regional enorme, como, por exemplo, com o Sudeste sofrendo bastante, o nordeste sendo impactado com o auxílio emergencial e o Centro-Oeste na contramão disso tudo.
O economista acredita que isso é resultado do único setor que está realmente crescendo no Brasil, que é o do agronegócio.
“Os preços são bons, o câmbio está desvalorizado, a produção foi excelente e a renda agrícola vai crescer 22% esse ano”, concluiu.
(Edição: Sinara Peixoto)