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    Não trabalhamos com risco de apagão ou racionamento, diz diretor-geral da Aneel

    Em entrevista à CNN, André Pepitone afirmou que o custo de geração de energia vai ficar mais caro e que medidas de uso racional ajudam a desestressar o sistema

    Ana Carolina Nunes, do CNN Brasil Business

     

    Em entrevista à CNN Brasil nesta terça-feira (29) o diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), André Pepitone, afirmou que a agência não trabalha com o risco de apagão ou racionamento, apesar da grave situação hídrica que vive o país. “Trabalhamos com medidas que devem ser implementas para ajudar a enfrentar esse período de escassez hídrica mais severo que tivemos em toda nossa historia”, disse Pepitone.

    Para o diretor, as medidas voltadas à ponta do consumo, como as indústrias, pode ajudar a desestressar o sistema. “Essa medida de deslocar na ponta, com diálogo sobretudo onde tem concentração do consumo, nos estados de São Paulo e Minas Gerais, é conhecido como resposta da demanda. É  colocar algum sinal econômico para aquelas indústrias que tiverem essa possibilidade no seu processo produtivo de deslocar a intensidade do processo fabril para outros horários, ajudando a desestressar o sistema elétrico.”

    Na manhã desta terça, a Aneel que o valor da tarifa da bandeira vermelha 2 será reajustado em 52%, para R$ 9,49 pelo consumo de 100 kWh. O preço até então era de R$ 6,243. Para o diretor, a decisão do colegiado da diretoria foi “importante” e dá o sinal de de que, nos próximos cinco meses, a energia estará mais cara. “É um sinal que a gente apresenta para a sociedade de que o custo de geração está alto. Vamos atender o país com térmicas e precisamos pagar essas térmicas”. 

    André Pepitone explicou que o valor de R$ 9,49 definido pela Aneel foi acertado após o cálculo para que o aumento não levasse a uma arrecadação maior do que o necessário nem a que faltasse para fechar as contas.

    “Nós precisamos acompanhar com atenção o desenvolvimento da conta bandeira. Hoje estamos com um déficit de R$ 1,5 bi; temos sinalização desde maio de que todo recurso térmico disponível será utilizado, e temos que acompanhar com atenção como fica o valor da arrecadação das tarifas de energia e o custo das térmicas. Essa equação tem que estar equilibrada.” O diretor da Aneel afirmou ainda que a decisão da diretoria foi com a preocupação de “não empurrar a conta pra frente”.

    Pepitone afirmou também que o país se encontra em uma situação muito diferente do passado. Primeiro porque, segundo ele, o Brasil depende menos de chuvas, já que as hidrelétricas representam hoje 62% da geração de energia no país, quando, no passado, chegou a 85%-90%. Outra diferença apontado pelo diretor-geral é que o Brasil está mais interconectado.

    “Lá em 2000-2001 nós tínhamos 70 mil quilômetros de linha de alta tensão conectando o país. Hoje nós temos 165 mil. Então temos uma flexibilidade operativa muito maior do que no passado e permite a melhor gestão do recurso energético em todo o país.”

    Linhas de transmissão de energia
    Foto: Reuters/Ueslei Marcelino