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    Ainda vale entrar na bolsa? Veja 8 ações recomendadas para 2021

    Analistas e gestores comentam as empresas que têm potencial para se valorizar neste ano; commodities e setores que ficaram para trás estão na lista

    Juliana Elias, , do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Depois de quedas históricas nos primeiros meses de pandemia, a bolsa de valores teve também uma recuperação rápida e, ao fim de dezembro, não só já tinha zerado as perdas como também ficou por pouco de bater seu recorde histórico

    Isso significa que o período de liquidação acabou, e que vai ficando mais difícil encontrar ações de boas empresas que ainda tenham potencial de alta valorização pela frente. 

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    Ainda assim, analistas e gestores continuam vendo muitas oportunidades para 2021. O CNN Business conversou com bancos e gestoras para saber quais são suas apostas para o novo ano. 

    Na lista, saem empresas que já ganharam muito em 2020 – como as varejistas de e-commerce Magazine Luiza, Via Varejo e B2W, por exemplo – e entram muitas ligadas a setores que ainda ficaram para trás. É o caso da rede de shoppings Iguatemi ou da fabricante de peças automotivas Iochpe-Maxion. 

    Outra frente de grandes apostas é o setor de matérias-primias, com duas das maiores empresas da bolsa – Vale e Petrobras – reforçando as recomendações. Produtos básicos como o petróleo e o minério de ferro, vendidos por elas, têm muito a ganhar conforme o mundo volta a comprar.

    Veja a seguir as ações recomendadas para o ano e os comentários feitos sobre cada uma pelo banco Bradesco, a gestora de fundos MOS Capital e a gestora de recursos Warren. 

     

    Petrobras (PETR4)

    Desempenho em 2020: -6,1%

    Para os analistas do Bradesco, mesmo com a alta rápida do último mês, a Petrobras ainda entra em 2021 mais barata do que merecia – em especial, tendo em vista que o preço do petróleo no mercado internacional já voltou aos níveis pré-pandemia depois de quedas históricas no meio do ano

    “A companhia segue dedicando esforços para vender alguns ativos, contribuindo para a redução do endividamento e abrindo espaço para a maior distribuição de dividendos no futuro”, disse o banco. 

    A Warren também coloca a petroleira brasileira na lista de empresas que têm a ganhar com um ano favorável para os produtos básicos no mercado internacional.

    “Com a troca da administração norte-americana [com a eleição de Joe Biden à Presidência] e a expectativa de aumento nos preços nos próximos anos, o setor de commodities se torna interessante agora”, disse Igor Cavaca, analista de investimentos da gestora.

    Rumo (RAIL3)

    Desempenho em 2020: -26,3%

    A Rumo é a operadora de algumas das principais ferrovias do país. Ela compõe o braço de logística do grupo Cosan, que é dono também da Comgas, da Raízen e da rede de postos Shell. 

    A MOS Capital estima que as ações da Rumo têm potencial para crescer de 8% a 9% ao ano, acima da inflação, nos próximos anos. 

    Fernando Fanchin, sócio e gestor da MOS, destaca o fato de que as linhas da companhia incluem alguns dos principais corredores de soja e milho entre o centro-oeste, onde são produzidos, e o sudeste, onde são exportados. 

    Isso coloca a companhia no centro de um dos setores mais fortes e em franca expansão da economia brasileira. “Apesar de um 2020 difícil, a Rumo possui um enorme potencial de crescimento, com preços atrativos e em um setor defensivo”, disse Fanchin. 

    “A Rumo é um dos nomes preferidos no setor de infraestrutura”, afirma o Bradesco, que também recomenda o papel. “Os preços de frete ferroviário devem se recuperar em 2021, ela deve se beneficiar do aumento das exportações de soja para a China e também está bem posicionada para alocar capital em novas concessões.” 

    Vale (VALE3)

    Desempenho em 2020: +70,9%

    Esforços no sentido de convencer o mercado de que está trabalhando para evitar novos acidentes como os de Brumadinho (2019) e de Mariana (2015) pareceram surtir efeitos na ações da Vale em 2020, depois das quedas que sofreram com os acidentes. 

    Mas é principalmente a disparada nos preços internacionais do minério de ferro que está fazendo seus papéis baterem recordes.

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    E os recordes devem continuar em 2021. O Bradesco acredita que os papéis têm fôlego para subir até os R$ 105 neste ano –em dezembro, eram negociados perto dos R$ 90. 

    Na análise do banco, vai continuar faltando minério de ferro no mundo em 2021 e o preço vai continuar subindo. Além disso, o valor de mercado da mineradora brasileira ainda está baixo quando comparado ao de suas grandes concorrentes globais.

    “O setor de commodities deve crescer muito, com a expectativa de uma série de investimentos em infraestrutura e produção”, disse Cavaca, da Warren, que também tem Vale na carteira para 2021. “Além disso, uma taxa de cambio em níveis mais altos apresenta um benefício adicional para o setor.”

    B3 (B3SA3)

    Desempenho em 2020: +50,3%

    A B3 é dona de boa parte dos negócios que sustentam o mercado de capitais brasileiro, como a única bolsa de valores do país e também os sistemas de registro de boa parte dos ativos financeiros que são negociados no Brasil. 

    Por isso, a B3 já ganhou bastante com as movimentações de 2020 e tem ainda muito a ganhar em 2021. Para ela, não importa se os preços estão caindo ou subindo. Enquanto houver mais pessoas negociando ações e mais empresas entrando para a bolsa de valores, a B3 ganha. 

    Para a Warren, é uma tendência que vai continuar e deixa a dona da bolsa em uma boa posição. “As taxas de juros mais baixas direcionam maior parte do fluxo para o mercado de capitais; 2021 tende a ser um ano de recuperação e de bastante investimento”, disse o analista da gestora.

    Bradesco (BBDC4)

    Desempenho em 2020: -15,2%

    Os grandes bancos, que estão entre as empresas mais negociadas da bolsa brasileira, estão também entre os setores que ainda não engataram uma grande recuperação depois das quedas que derrubaram os mercados no início da pandemia. 

    É por isso que a Warren vê potencial no segmento e recomenda as ações do Bradesco para 2021.  

    “O setor bancário ainda se encontra bastante deprimido em relação à recuperação de parte do mercado observada em 2020”, disse Cavaca. “Com a redução da volatilidade e os ajustes na estrutura econômica, o setor tende a começar a retornar seu ponto de equilíbrio.”

    Iguatemi (IGTA3)

    Desempenho em 2020: -29,1%

    As primeiras notícias mais robustas sobre as possibilidade de vacinação contra o coronavírus, no final do ano, já foram o suficiente para fazer as ações das administradoras de shopping centers disparar –embora todas continuem ainda muito abaixo de suas cotações pré-pandemia. 

    Para os analistas do Bradesco, é um sinal de que o setor tem tudo para voltar a crescer conforme as vacinas avancem e as atividades se normalizem. 

    Ainda baratas quando comparadas às de outras concorrentes, as ações do Iguatemi são a aposta do banco para surfar essa onda de retomada do setor na bolsa. 

    “O Iguatemi parece estar no caminho certo em termos de redução de custos e despesas, o que poderia ajudá-lo a navegar com mais facilidade no atual ambiente difícil”, escreveu o Bradesco em suas recomendações. 

    Iochpe-Maxion (MYPK3)

    Desempenho em 2020: -33,7%

    Uma das maiores fabricantes globais de rodas automotivas, a Iochpe-Maxion sofreu bastante com os impactos da pandemia e a depressão da indústria automotiva em 2020. 

    Suas ações terminaram o ano com uma queda superior a 30%, mas, na visão da MOS Capital, estão baratas e têm pela frente bastante espaço para se recuperar. 

    “Os negócios da empresa têm um mix interessante de ‘ataque e defesa'”, disse o gestor da MOS, Fanchin. “A empresa consegue se ‘defender’ nos mercados desenvolvidos [como Estados Unidos e Europa], onde já é consolidada, e ao mesmo tempo tem um enorme potencial de crescimento na Ásia –o ‘ataque’–, que hoje representa apenas 9% da sua receita total.”

    M. Dias Branco (MDIA3)

    Desempenho em 2020: -10%

    As massas e biscoitos das marcas Adria e Piraquê são alguns dos produtos que saem das fábricas da M. Dias Branco. Para a MOS, as ações da companhia caíram mais do que deviam em 2020 e estão baratas, o que reforça seu potencial de valorização à frente. 

    Uma das maneiras de medir isso é comparando o valor da ação com o potencial de lucro da empresa –quanto maior o preço na bolsa em relação ao que o negócio gera de lucro, de fato, mais cara está a cotação. 

    “A M. Dias Branco está descontada; ela está sendo negociada a cerca de 13 vezes o seu lucro estimado para 2021, 26% menos que sua média histórica”, disse Fanchin, da MOS. 

    A disparada no preço do trigo em 2020, matéria-prima para quase tudo o que ela produz, espremou as margens e foi uma das razões para um desempenho mais fraco no ano passado. Para a MOS, porém, políticas recentes de revisão de custos com reajuste de preços, aliadas a uma boa gestão, prometem uma retomada à frente.

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