Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Ações da Tesla já não crescem como antes, mas investidor varejo segue comprando

    Os papéis da marca estão quase 25% abaixo de seu recorde histórico estabelecido no início do ano e caíram 2,4% do início de 2021 até o dia 28 de junho

    Matheus Prado, , do CNN Brasil Business, em São Paulo*

    A Tesla teve um 2020 de sonhos: a montadora de carros elétricos foi adicionada ao S&P 500, índice das maiores empresas de Wall Street, e suas ações subiram eletrizantes 743% no ano. Mas o sucesso não se repete em 2021.

    Os papéis da marca estão quase 25% abaixo de seu recorde histórico estabelecido no início do ano e caíram 2,4% do início de 2021 até o dia 28 de junho. Enquanto isso, ações de montadoras tradicionais estão ressurgindo à medida que aumentam suas ambições em termos de veículos elétricos.

    As ações da Ford sobem quase 70% no período, colocando-a no top 10 do S&P 500 em 2021. A empresa revelou seu caminhão elétrico F-150 Lightning no mês passado e também disse aos investidores que agora espera que os veículos elétricos representem 40% das vendas globais até 2030.

    E a GM também subiu bastante (mais de 40%) desde o início do ano. A fabricante de marcas como Chevrolet, Buick e Cadillac disse este mês que pretende gastar incríveis US$ 35 bilhões em veículos elétricos até 2025.

    “A Tesla se valorizou nos últimos anos dominando o mercado de elétricos. Mas projeções mostram que, se essas empresas mais tradicionais conseguirem mudar a sua matriz energética para totalmente elétrica, ultrapassam a empresa de Elon Musk com certa facilidade em termos de carros vendidos”, diz Guilherme Zanin, estrategista da Avenue Securities. 

    “Obviamente existe uma defasagem dessas outras empresas em relação à Tesla em termos de tecnologia. Trata-se da empresa mais consolidada no setor. Mesmo assim, o mercado pode estar considerando que o prêmio das ações da Tesla em relação às outras montadoras estava muito elevado.” 

    Além de questões de mercados, críticos da Tesla têm outras preocupações para apontar (e alguns deles já estão vendidos no papel, como Michael Burry, conhecido por ser retratado no filme The Big Short). Há dúvidas, por exemplo, sobre como ficará a gestão da empresa depois que Jerome Guillen saiu abruptamente no início deste mês. 

    A obsessão de Musk por criptomoedas como bitcoin e dogecoin, junto com outras atividades extracurriculares, como apresentar o programa televisivo Saturday Night Live e tuitar constantemente, também podem surgir como pontos negativos para alguns investidores e analistas.

    Na torcida

    Ainda assim, não há como negar que a empresa tem muitos fãs fervorosos. Dados cedidos ao CNN Brasil Business pela Stake, plataforma que permite investir em ativos internacionais e está presente na Austrália, Nova Zelândia, Inglaterra e Brasil, mostram exatamente isso.

    Nos quatro países em que a empresa opera, as ações da Tesla foram as mais negociadas entre janeiro e maio de 2021. A chinesa NiO, que disputa mercado com a companhia de Musk, também aparece no top 10 de todas as localidades. 

    Dos quase 400 mil clientes da plataforma, predominam investidores entre 25 e 34 anos. No Brasil, são ainda mais novos: 32% da base de clientes tem entre 18 e 24 anos. Não por acaso, usuários do Reddit também têm tido papel importante nas negociações dos papéis da empresa.

    “Mesmo com um desempenho abaixo dos pares até o final de junho de 2021, a Tesla sempre esteve, até aqui, entre as ações mais negociadas do ano nos países em que a Stake está presente”, afirma Rodrigo Lima, analista de investimentos e editor de conteúdo da Stake. 

    “Mas é importante lembrar que a Tesla não é vista apenas como uma fabricante de automóveis, mas também como uma empresa de tecnologia disruptiva. E, a partir disso, talvez esteja mais preparada do que as montadoras tradicionais para operar no século XXI e no futuro.”

    E há notícias positivas. O site cars.com anunciou que o Model 3 ficou em primeiro lugar em seu índice de fabricação americana, que mede o quanto um veículo contribui para a economia dos EUA com base em fatores como empregos em fábricas domésticas, fábricas e origem de peças. O Model Y ficou em terceiro lugar na lista. 

    As ações da empresa ganharam ainda mais terreno depois que Musk tuitou que os investidores da Tesla poderiam obter tratamento preferencial para comprar ações da Starlink, de propriedade da SpaceX, se a SpaceX eventualmente decidir desmembrar o serviço de internet via satélite em alguns anos.

    Futuro

    Como dito acima, não é possível descartar a empresa de Musk em termos de inovação, mesmo que perca algum terreno quando o assunto é escala. Para Zanin, da Avenue, o próximo grande combate entre as empresas do setor será em termos de carros autônomos. A Tesla até anda tendo problemas com a modalidade, mas ainda está alguns passos à frente da concorrência.

    “Acreditamos que ainda existe espaço para todo o setor crescer, principalmente em termos de veículos autônomos. A Ford fez alguns acordos para viabilizar sua produção, Apple e NVIDIA também. Trata-se de uma nova abertura, com margens mais elevadas, que as empresas poderão explorar.”

    *Com informações de Paul R. La Monica, do CNN Business