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    Ações da Ser sobem com possível aquisição da Laureate — e se não der certo?

    Setor enfrenta dificuldade por causa da pandemia, já que as aulas presenciais foram suspensas. As duas empresas têm baixa penetração em educação a distância

    Foto: Divulgação/Ser Educacional

    Natália Flach, do CNN Brasil Business

    As ações da Ser Educacional (SEER3) subiram 10,21% nesta segunda-feira (14) depois do anúncio da compra da concorrente Laureate, dona da Anhembi Morumbi e FMU, por cerca de R$ 3,8 bilhões. Quando o negócio é bom, sempre há mais de um interessado. É o caso da Yduqs (YDUQ3) que divulgou que pode apresentar uma proposta “mais atraente”. Suas ações subiram 7,96 %.

    A Ser é detentora das marcas Uninabuco, Uninassau, Uninorte, entre outras, e, no segundo trimestre, teve receita líquida de R$ 343 milhões, avanço de 3,1% ante o mesmo período de 2019. Já o lucro líquido ajustado foi de R$ 58,3 milhões ante R$ 53,8 milhões no ano passado.

    Por sua vez, a Yduqs viu sua receita líquida cair 1% para R$ 923,3 milhões e o lucro líquido recuar 30,3% para R$ 167,9 milhões.

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    Para os analistas Samuel Alves e Yan Cesquim do BTG Pactual, caso a operação seja bem-sucedida com a Ser, a nova empresa nasce com 434 mil estudantes e 1.175 vagas de medicina. O valor máximo da nova companhia é de R$ 3,49 bilhões (versus R$ 1,3 bilhão), sendo R$ 840 milhões de Ebitda (versus R$ 427 milhões). 

    Apesar de haver sinergias na compra, há pontos de atenção, como o fato de as duas empresas terem baixa penetração em educação a distância e terem uma alavancagem ligeiramente alta. Por isso, os analistas estão neutros em relação à Ser. 

    “A Laureate será a maior acionista da Ser com 44%, mas apenas 7,5% terá direito a voto, de forma que Janguiê Diniz permanecerá no controle com 32% de participação. Além de estrategicamente positivo, vemos o negócio como atraente (até R$ 1,7 bilhão de geração de valor para os acionistas existentes da Ser, contra R$ 1,9 bilhão em capitalização de mercado atual) devido ao espaço considerável para sinergias (margem Ebitda de 19% apenas)”, escreve Renato Chaves, analista do Santander, em relatório. 

    Segundo os cálculos de Chanes, se confirmada a negociação com a Ser, a nova companhia aumentará significativamente sua base de alunos (de 267 mil para 455 mil), tornando-se a quarta maior empresa do setor, atrás de Cogna, Yduqs e Unip. Há grande espaço para crescimento no ensino a distância, dada a pequena penetração (17% da base total contra 45% no setor).

    “Acreditamos que uma oferta adicional (follow-on) de ações seja possível, dada a dívida líquida/Ebitda de 3,2 vezes. Diante disso, reforçamos a recomendação de compra, por conta dos fundamentos aprimorados e o valuation muito atraente com o upside do negócio da Laureate. Nosso preço-alvo é de R$ 24,70, implicando em uma valorização de cerca de 67% em relação ao último fechamento”, escreve. 

    Setor sofre

    As empresas do setor educacional têm sofrido neste ano. Pelo menos, no mercado de capitais. As ações das empresas de educação são algumas das que mais sofreram neste ano na bolsa. De janeiro para cá, as ações da Ser caíram 46%, enquanto a da Cogna e da Yduqs tiveram quedas de 50% e 41%, respectivamente.

    Não é para menos, com o avanço da pandemia, as aulas presenciais foram suspensas – até agora, na Ser, apenas algumas aulas práticas (em três estados) voltaram ao normal.

    O lado positivo para as empresas, contudo, foi que o ensino a distância, que é uma área em que todas as empresas têm investido (e muito), deve ter uma aceleração de adoção nos próximos anos. Porém, ao mesmo tempo, com o aumento do desemprego e a diminuição da renda dos brasileiros, o setor deve sofrer com o crescimento da inadimplência.

    A aquisição também servirá para colocar a Ser Educacional em outro patamar. É o que admite o presidente da empresa, Jânyo Diniz, em entrevista ao CNN Business. “Isso vai trazer uma escala para a Ser Educacional brigar em pé de igualdade com as maiores empresas do setor”, afirma Diniz.

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