Ação do Magazine Luiza custaria R$ 5.578,24, não fossem os desdobramentos
Desde que abriu capital, a varejista fez duas operações que levaram o papel a ser negociado em R$ 87. Agora, a empresa anuncia uma terceira rodada
Quem quisesse comprar apenas uma ação da Magazine Luiza hoje na bolsa de valores poderia ter que desembolsar R$ 5.578,24, não fossem pelos vários desdobramentos que a companhia fez de seus papéis nos últimos anos.
No pregão desta sexta-feira (18), uma ação da varejista mais cobiçada da bolsa paulista fechou negociada a R$ 87,16, e a companhia anunciou que deve desdobrá-la mais uma vez: cada papel será desmembrado em quatro partes, o que “cortaria” o preço unitário para algo próximo de R$ 21, considerado o valor deste pregão.
As contas foram feitas pelo CNN Brasil Business junto ao economista Pedro Galdi, da gestora Mirae Asset, e da consultoria Economática.
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Os desdobramentos são divisões que a empresa faz de cada uma de suas ações quando o preço delas começa a ficar muito alto, para dar maior facilidade nas compras de investidores de todos os tamanhos. Se uma ação chega, por exemplo, a R$ 200, a companhia pode optar por desmembrá-la em 20 de R$ 10.
Isso altera apenas o número de ações à venda e o preço unitário delas, mas o valor de tudo reunido, que é o valor de mercado da companhia, não muda. O valor que um investidor tenha aplicado nelas também não.
No caso da Magazine Luiza, a alta de suas ações nos últimos anos foi tão exponencial que ela já está no terceiro desdobramento. O primeiro foi feito em 4 de setembro de 2017, quando o papel estava valendo nada menos que R$ 621,79.
No dia seguinte, iniciou o pregão desmembrado em 8, e fechou valendo R$ 82. Nestes três anos de lá para cá, o valor já subiu 797,13%. É esta alta que faz com que o investidor que tivesse uma ação de R$ 621,79 da Magazine Luiza naquela data tenha hoje R$ 5.578,24.
A diferença é que, no lugar de uma ação, hoje ele tem 64: em 5 de agosto de 2019, a Magazine Luiza fez seu segundo desmembramento e cortou a ação novamente em outros 8 pedaços. Cada uma delas, antes desta segunda divisão, já estava valendo R$ 276 de novo.
O objetivo é tornar os papéis mais baratos e — ao atrair o pequeno investidor — aumentar o volume de negociações na bolsa. Além disso, a operação abre espaço para nova valorização dos papéis.
Ação já valeu menos de R$ 2
As ações da Magazine Luiza começaram a ser negociadas na bolsa de valores em 2011, a R$ 16, mas com uma trajetória completamente diferente da atual: elas seguiram em rota de queda até 2015, quando já tinham despencado a menos de R$ 2.
O valor era tão baixo que aconteceu o oposto: a varejista fez uma operação de agrupamento de ações, ou seja, juntou várias em uma só para dar uma engordada no preço. É o que as chamadas “penny stocks” – empresas que têm ações que valem centavos – fazem para ter variações diárias menos bruscas.
Em 9 de setembro de 2015, em seu pior momento na bolsa, a Magazine Luiza agrupou 8 de suas ações, que estavam sendo negociadas a R$ 1,80, em uma só de R$ 14,40. Foi o nível mais baixo a que seu valor chegou: ajustadas pela operação de agrupamento, é como se as ações da companhia tivessem começado a ser negociadas na bolsa, lá em 2011, por R$ 128.
É também esta nova unidade de R$ 14,40 que, dali para frente, entraria em uma rota de subida ininterrupta e que, hoje, estaria valendo R$ 5.578,24, caso os dois desmembramentos que vieram depois não a tivessem quebrado em 64.
É um aumento de simplesmente 38.637% para quem tivesse comprado uma ação dela naquele dia de 2015 e a segurado até hoje. Quer dizer, o investimento se multiplicou por 387.
A guinada aconteceu depois que a fundadora, Luiza Trajano, passou o bastão para o filho Frederico Trajano e a “Magalu” entrou em um forte processo de inovação e digitalização que a transformou, hoje, em uma das vedetes do e-commerce brasileiro.
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