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    99Food quer comer pelas beiradas no setor de delivery e crescer 150% em 2021

    Braço de alimentação do aplicativo de transportes aposta no crescimento em cidades menos badaladas para incomodar gigantes como iFood, Rappi e Uber Eats

    André Jankavski, , do CNN Brasil Business, em São Paulo

    A pandemia fez alguns setores darem saltos de anos em apenas meses. É o caso da área de delivery de refeições. Com o seu braço 99Food, a 99 quer entrar no panteão do segmento, dominado por empresas como iFood, Rappi e Uber Eats, que, em poucos anos, nasceram e se tornaram gigantes que valem mais de bilhões de dólares. A estratégia? Comer pelas beiradas e dominar cidades médias para, depois, conquistar seu espaço nas grandes.

    Em entrevista ao CNN Business, Danilo Mansano, que é diretor executivo do 99Food, diz enxergar um espaço muito grande para expansão em cidades de 100 a 500 mil habitantes. Municípios onde, segundo ele, o atendimento ainda não é dos melhores.

    “Nosso objetivo é nos voltar para cidades menores e pulverizar o serviço para o maior número de regiões”, diz Mansano.

    Atualmente, a empresa é forte em mercados como Belo Horizonte, Divinópolis e Varginha, todos em Minas Gerais, na capital paranaense Curitiba e também em Goiânia (GO). Além disso também tem uma fatia representativa de municípios como Santos (SP), Sorocaba (SP), Niterói (RJ) e Canoas (RS). No total, a empresa atua em 21 cidades.

    As capitais paulista e fluminense, que representam o maior faturamento do setor, de cerca de R$ 20 bilhões por ano, ainda não estão no plano de expansão de curto prazo.

    Mesmo estando fora dos maiores mercados, o 99Food já possui números de respeito. Atualmente, a companhia conta com 60 mil restaurantes parceiros e 40 mil entregadores em sua base de dados. Para 2021, a ideia é ampliar esse número em 150%. Para se ter uma base de comparação, o iFood conta com cerca de 236 mil restaurantes em sua base – mas o pioneiro do setor possui uma fatia de 75% de participação, de acordo com estimativas realizados no mercado.

    Lançado no fim de 2019, a 99Food está bem longe desse percentual. Porém, Mansano enxerga o mercado brasileiro ainda muito pouco explorado. Ele se baseia no total de pedidos diários de refeições à distância dividido pela população urbana total. Enquanto em cidades como Xangai, na China, o percentual de pessoas que fazem pedidos diários é de 7%, no Brasil não passa de 0,9%. Em grandes cidades europeias essa participação fica entre 3% a 5%.

    “A penetração do mercado brasileiro ainda é pequena. O mercado local é voltado para indulgências, com foco no consumo noturno e em fins de semana”, diz ele. “As pessoas ainda enxergam nessas plataformas refeições para o prazer e não para alimentação do dia a dia”. 

    99 Food Danilo Mansano
    Danilo Mansano, da 99Food: empresa quer focar nas médias empresas
    Foto: 99/Divulgação

    Para que essa popularização aconteça e a 99 se aproveite disso, Mansano acredita que o preço do ticket médio precisa ser menor. No Brasil, uma refeição por aplicativo fica, em média, entre R$ 35 e R$ 45. Na China, paíos sede da DiDi, a média é de R$ 15.

    Não à toa, a empresa quer ajudar os restaurantes a melhorar as suas gestões financeiras e, consequentemente, as suas margens. Só assim os preços das refeições diminuirão, segundo Mansano. A empresa procura dar todo o suporte para essa transição de restaurantes para o mundo digital por meio de consultorias. Atualmente, metade dos restaurantes da plataforma nunca tinham trabalho com o sistema de delivery. 

    Com ações como essa, o objetivo do 99Food é que o preço médio da refeição vá caindo até chegar na média chinesa.

    Mercado internacional

    Apesar de ser um unicórnio brasileiro, a 99 já é tocada pelos chineses desde 2018. E a expansão do 99Food já começou internacional. Além do Brasil, a empresa atua em mais de 40 cidades no México e também no Japão, nos municípios de Fukuoka e Osaka. O modelo é bem parecido com o realizado no Brasil: começar pelas cidades médias para, depois, conquistar seu espaço nas grandes.

    E enquanto os aplicativos de refeição, cada vez mais, tentam se tornar superaplicativos de entregas, com vendas de supermercados até farmácias e petshops, o 99Food quer focar somente nas refeições. O super app, por sua vez, viria pela integração com os serviços de transporte da 99 e também com o 99Pay, braço de pagamentos da empresa e quer estar entre os três primeiros do setor com sua carteira digital. 

    “O que queremos é mostrar ao consumidor que dá para fazer mais com menos na alimentação e no transporte”, diz Mansano. E mostrar que a 99 pode fazer frente a concorrentes do quilate de iFood, Rappi e Uber – mas do seu jeitinho. 

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