Conselho da Vale define sucessor e escolhe Gustavo Pimenta como CEO
Processo foi marcado pela tentativa de Lula de encampar Guido Mantega como presidente da mineradora
A Vale definiu a escolha de um sucessor de Eduardo Bartolomeo no comando da mineradora. O conselho de administração escolheu, por unanimidade, o atual CFO da empresa, Gustavo Pimenta, como o novo CEO.
A escolha se dá depois do fim do processo de seleção encabeçado pela consultoria Russell Reynolds, que apresentou ao conselho uma série de nomes de mercado para suceder Bartolomeo no comando da mineradora.
A CNN havia antecipado que a escolha já estava definida.
De acordo com o presidente do Conselho de Administração da Vale, Daniel Stieler, Pimenta “reúne as competências necessárias para que possamos aspirar um novo ciclo virtuoso para a companhia, orientado por nosso propósito, e com grande potencial de geração de valor a todos os nossos públicos de relacionamento”.
“O processo sucessório evidenciou o alto nível de integridade, transparência e robustez da governança da Vale”, diz o presidente do conselho.
De acordo com a Vale, em informação publicada em fato relevante, o processo de transição seguirá o cronograma já divulgado pela companhia — Eduardo Bartolomeo ficará no comando da empresa até 31 de dezembro.
A CNN apurou que a escolha do nome de Pimenta se dá por alguns motivos.
O primeiro é a “pacificação” em torno de seu nome e o patrocínio de Bartolomeo em relação à sua indicação.
Visto como uma liderança “muito jovem”, como relataram fontes à CNN, Bartolomeo trabalhou para chancelar o nome dele como um futuro presidente da Vale.
A estratégia mudou a partir do momento em que Pimenta conseguiu chancelar-se como um dos principais cotados entre o conselho de administração e a Russell Reynolds.
Ele é considerado alguém que tem os predicados que o mercado almeja para uma empresa de capital aberto, mas consegue manter diálogo com a classe política.
Respeitado pelo mercado, Bartolomeo teve seu mandato posto em xeque pela vontade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em fazer um aliado presidente da companhia privada. Sua ausência de trânsito com políticos era considerado seu principal defeito, segundo interlocutores envolvidos na sucessão.
O processo de sucessão na presidência da Vale foi marcado pela tentativa de ingerência política por parte de Lula, que trabalhou com afinco para indicar Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda, no cargo — e a mineradora resistiu.
Depois de derrotado, Lula ainda cogitou chancelar o nome de Paulo Caffarelli, ex-presidente do Banco do Brasil.
Gustavo Pimenta é um executivo com experiência nos setores financeiro, de energia e mineração.
Em 2021, assumiu a posição de vice-presidente executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale. Também foi responsável pelas áreas de Suprimentos e Energia & Descarbonização.
Antes de juntar-se à Vale, Pimenta foi executivo da AES por 12 anos, foi CFO Global, diretor de Planejamento e Estratégia e Vice-presidente de Performance e Serviços da empresa.
Também atuou como Vice-presidente de Estratégia e M&A no Citigroup em Nova York. É formado em Economia pela Universidade Federal de Minas Gerais e tem mestrado em Finanças e Economia pela Fundação Getúlio Vargas.
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