“O que gera risco não é o produto, mas a burocracia”, diz autor de projeto de bioinsumos
Deputado Zé Vitor (PL-MG) afirma que "em algumas regiões do Brasil, já se utiliza cerca de 30% de bioinsumos nas lavouras"
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, afirmou nesta semana que o Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pronara), que reclassifica e proíbe o uso de alguns tipos de defensivos agrícolas no país, está em fase de elaboração pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
“O objetivo é substituir aqueles agrotóxicos altamente tóxicos, altamente periculosos, mapeá-los e fazer um programa que envolva a Embrapa, envolva as universidades, envolva as empresas, de substituição desses agrotóxicos por bioinsumos”, disse o ministro.
Bioinsumos são produtos de origem vegetal, animal ou microbiana usados para o desenvolvimento da produção no campo.
Uma medida similar, porém, já tramita na Câmara dos Deputados. De autoria do deputado Zé Vitor (PL-MG), o texto propõe a regulamentação do uso, comercialização e produção de bioinsumos por meio do Programa Nacional de Bioinsumos.
“O que gera risco não é o produto, é a burocracia. A utilização de pesticidas dentro de doses, condições climáticas e intervalos recomendados e comprovados pelo fabricante não colocam em risco a saúde humana e o meio ambiente”, afirma o deputado à CNN.
“É óbvio que produtos mais novos tendem a ser mais eficientes e seletivos, inclusive os bioinsumos. Doses menores, intervalos maiores. Há grandes vantagens. Acontece que a falta de normas claras e modernas não nos permite buscar novos produtos para incrementar o manejo e garantir alimentos em quantidade e qualidade suficientes”, defende.
Segundo o deputado, as pressões europeias em torno do agronegócio brasileiro impactariam os mais pobres.
“Há questões em que a Europa possuem soluções exemplares. Mas, certamente, não é no quesito produção de alimentos. Se questionarmos produtores e técnicos do setor rural europeu ouviremos que as lavouras têm tido perdas significativas pelo ataque de pragas e doenças”, afirma.
“Lavouras doentes por questões burocráticas e não técnicas significam escassez de alimentos e, portanto, mais caros. Quem sofre com essas armadilhas são os mais pobres que, por falta de renda, deixam de ter alimentos suficientes e diversificados”, defende.
“Temos informações que, em algumas regiões do Brasil, já se utiliza cerca de 30% de bioinsumos nas lavouras, quer seja de insumos prontos ou fabricados pelos próprios produtores”, explica Zé Vitor.
“Isso mostra a modernidade, versatilidade e responsabilidade do produtor rural brasileiro. Os bioinsumos são mais uma alternativa aos produtores rurais. O manejo com produtos de origem biológico fica mais amplo e tende a ter melhores resultados”, defende.
“O controle de pragas e doenças se torna mais efetivo. Isso é fundamental para se produzir mais, melhor e com custo mais barato”, afirma.
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