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    Thais Herédia
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    Thais Herédia

    Passou pelos principais canais de jornalismo do país. Foi assessora de imprensa do Banco Central e do Grupo Carrefour. Eleita em 2023 a Jornalista Mais Admirada na categoria Economia do Jornalistas & Cia.

    PIB de 2024 será da sorte?

    Crescimento pode passar de 2% no ano

    A onda de revisões para o crescimento da economia em 2024 já começou. Escaldados pelos erros seguidos nas previsões para o PIB, muitos economistas se anteciparam e estão corrigindo estimativas para um desempenho melhor, mais para 2% do que para 1% como imaginavam até poucos meses atrás.

    Ao mesmo tempo que reconhecem uma força maior da atividade, analistas alertam que a sorte será ingrediente relevante do crescimento do ano. A começar pelo desempenho da economia mundial que deve ficar próximo de 3%, depois que a recessão nas economias ricas foi descartada. Ainda não dá para cravar que a inflação lá fora está sob controle, mas a redução dos juros nos Estados Unidos e na zona do euro vai começar ainda no primeiro semestre do ano.

    O agronegócio, que puxou o PIB de 2023, não terá o papel de trator do crescimento. Preço das commodities mais baixos e efeitos do El Niño poderiam provocar até perdas para o setor este ano, mas já tem que acredite que este cenário pode se reverter. Longe de ter o desempenho do ano passado, porém escapando do negativo, o que já ajuda e muito.

    Até aqui, contamos com fenômenos fora do alcance da governança brasileira. E é quando entra o papel das forças domésticas que a sorte se esvai. O PIB maior de 2024 será mais forte, puxado principalmente pelo consumo – das famílias e do setor público.

    Os mais de $ 90 bilhões de reais em precatórios pagos em dezembro chegam como um bom impulso no primeiro trimestre. A montanha de dinheiro era devida e estava atrasada, mas isso não invalida o efeito de curto prazo que ela vai provocar.

    O reajuste do salário mínimo e a isenção do IR para quem ganha até dois salários mínimos são também um forte empurrão, ambos promovidos pelo aumento de despesa do governo. A massa de renda disponível pode crescer acima da inflação, gerando pressão sobre os preços que o Banco Central não gostaria de testemunhar, já que a queda dos juros chega como a cereja do bolo do cenário doméstico.

    O leitor vai reparar que a palavra investimento não apareceu até agora na equação do PIB mais forte esperado para o ano. Ele é o elo mais fraco da economia e a razão pela qual nem a sorte ajuda por muito tempo. Depois de subir menos de 1% em 2022, a taxa de investimentos no país deve ficar próxima a 16,5% em 2023, muito aquém dos 24% necessários para garantir crescimento sustentável. Não se vislumbra uma recuperação surpreendente agora.

    O aumento de despesas do governo Lula, ainda que calçado numa forte agenda arrecadatória, não ajuda o Brasil a superar suas armadilhas, a despeito da ideologia petista de que o Estado indutor resolve tudo. E não são armadilhas do acaso, ou da falta de sorte, ela são muito bem organizadas, especialmente pelos governantes mais gastadores, como é o caso do atual.