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    Thais Herédia
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    Thais Herédia

    Passou pelos principais canais de jornalismo do país. Foi assessora de imprensa do Banco Central e do Grupo Carrefour. Eleita em 2023 a Jornalista Mais Admirada na categoria Economia do Jornalistas & Cia.

    Dólar a R$ 6? Pressão deve aumentar na próxima semana com eleição nos EUA e falta do pacote fiscal

    Dólar encerra a semana com a maior cotação em mais de quatro anos

    A semana termina com dólar alcançando a maior cotação em mais de quatro anos. A moeda americana fechou nesta sexta-feira (01) a R$ 5,86, com alta de 1,5%.

    Este é o segundo maior patamar da moeda norte-americana da história do Real, perdendo apenas para os R$ 5,90 de maio de 2020, quando o mundo enfrentava a chegada da pandemia da Covid-19.

    A próxima semana será a mais importante do ano, quiçá da década, por causa da eleição nos Estados Unidos. A pressão do dólar sobre moedas emergentes está aumentando há um tempo e é improvável que ela diminua nos próximos dias. O que impõe ao Brasil um risco real, qual seja, do dólar alcançar a cotação de R$ 6,00 pela primeira vez.

    “Não estamos longe disso”, disse um experiente gestor do mercado. O dólar terá que subir cerca de 2,5% durante a semana para chegar ao valor histórico. Entre segunda-feira passada e essa sexta-feira (01), a moeda americana subiu 2,88%, o que mostra que não é improvável que se repita, ou até piore diante do cenário.

    Boa parte da desvalorização do real ocorrida recentemente, com o dólar se descolando dos R% 5,60, é explicada pela incerteza com as contas públicas brasileiras.

    Ficou claro que o país chegou a uma situação limite na condução do orçamento federal e o governo se viu obrigado a assumir o compromisso de adotar um plano de corte de gastos para salvar o arcabouço fiscal aprovado no ano passado.

    A regra criada por Fernando Haddad está ameaçada não pelas eleições americanas, ou pelo aumento da inflação. Esses são fatores que influenciam, mas a maior causa da insustentabilidade do arcabouço são as outras medidas exigidas por Lula.

    As duas mais importantes são a volta do piso de gastos com saúde e educação vinculados à receita e o aumento real do salário-mínimo.

    É neste clima, com o mundo à beira de um ataque de nervos com a eleição americana, e o Brasil carregado de incertezas, que o governo guarda os planos a sete chaves, o ministro Fernando Haddad diz que não tem pressa para apresentar as medidas e, a cereja do bolo, ele viaja para Europa para discutir o acordo do Mercosul com União Europeia. Ah, importante adicionar a reunião do Copom na próxima quarta-feira para subir os juros com mais força para lidar com inflação em alta.

    O dólar é o termômetro mais quente, aquele que todo mundo acompanha e sabe que, quando ele sobe, as coisas pioram no Brasil. Mas não é só a moeda americana que dá sinais de stress. Bolsa de valores perdeu patamar dos 130 mil pontos e os juros futuros passaram dos 13% nos contratos de médio prazo. A Selic está em 10,75% ao ano e, por enquanto, o mercado espera que ela suba para 12%. A depender do preço que os investidores já cobram hoje, a pressão para uma taxa maior aumenta.

    Ao deixar o país sem a informação mais importante, essencial para as contas públicas, o governo dá a impressão de que o equilíbrio fiscal não é prioridade. As medidas de corte seriam uma boia nesse mar revolto que o mundo terá que enfrentar na próxima semana.

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