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    Thais Herédia
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    Thais Herédia

    Passou pelos principais canais de jornalismo do país. Foi assessora de imprensa do Banco Central e do Grupo Carrefour. Eleita em 2023 a Jornalista Mais Admirada na categoria Economia do Jornalistas & Cia.

    Investidor sai em debandada da Petrobras por virada ao passado na estatal

    Perda em valor de mercado depois da divulgação do balanço do último trimestre de 2023 chegou a R$ 70 bilhões

    Em conferência com investidores, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, comemorou o resultado da companhia em 2023, segundo maior lucro da história, afirmando que “é um resultado para quem fica conosco, sabe que nós estamos no rumo certo e sabe que nós vamos acertar mais à frente”.

    A fala acontecia enquanto as ações da Petrobras caiam mais de 10% no mercado brasileiro, depois da recusa da companhia em pagar dividendos extraordinários, ou seja, enquanto muitos investidores deixavam a estatal.

    A perda em valor de mercado nas poucas horas de negociação depois da divulgação do balanço do último trimestre de 2023 chegou a R$ 70 bilhões.

    A declaração de Prates foi recebida como uma imposição numa economia de mercado aberto e capital livre.

    Desde que passou por reestruturação a partir de 2016, com Pedro Parente no comando, a Petrobras conseguiu reduzir sua dívida — que chegou a ser a maior do mundo corporativo internacional — e focar investimentos nas áreas mais rentáveis e competitivas.

    Tudo isso, financiado pelo capital privado porque nenhum centavo do Tesouro Nacional entrou no caixa da companhia nos últimos 10 anos.

    Foi assim que ela chegou aos melhores resultados da história, a despeito dos desmandos do governo Bolsonaro, que não resistiu à tentação de interferir na estatal.

    O que o presidente da estatal pede agora é um voto de confiança num modelo que provocou a maior crise da petrolífera desde a sua criação há mais de 70 anos.

    A dúvida dos acionistas não é sem motivo. Desde que assumiu o governo, o presidente Lula impôs uma mudança na gestão da Petrobras considerada de 180 graus por muitos analistas e investidores.

    A estatal voltou a fazer tudo que deu errado durante os mandatos petistas, como pulverizar investimentos em segmentos que davam prejuízos e comprometiam competitividade da companhia.

    Fertilizantes, refino, distribuição e comércio de combustíveis voltaram ao plano de negócios da petrolífera.

    Jean Paul Prates afirmou que se absteve do voto no Conselho de Administração que decidiu pela retenção de R$ 43,9 bilhões numa reserva de remuneração.

    O diretor financeiro da estatal, Sergio Leite, explicou que esse recurso não poderá ser utilizado para investimentos, o que acalmou um pouco o mercado. Depois desta informação, as ações passaram a cair pouco menos de 10%.

    “A decisão de manter quase R$ 44 bilhões em caixa não tem nenhum propósito justificável, é desperdício de recursos. Ou devolve para o acionista, ou aplica em investimentos. Isso é semelhante deixar dinheiro parado na conta do banco”, disse à CNN um ex-executivo da Petrobras.

    Outro executivo que já passou pela empresa disse à CNN que a decisão não faz sentido inclusive pela situação fiscal do país.

    Com a briga por mais recursos, a União, como maior acionista, também perde ao não receber mais dividendos da Petrobras.

    O ditado diz que o combinado não sai caro. Combinar não significa apenas comunicar o que vai fazer.

    Precisa acomodar o diagnóstico de quem decidiu investir na companhia, acompanhou sua história, seus erros e acertos.