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    Teo Cury
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    Teo Cury

    Explica o que está em jogo, descomplica o juridiquês e revela bastidores dos tribunais e da política em Brasília. Passou por Estadão, Veja e Poder360

    Com divergência entre ministros, TCU decidirá se Lula precisa devolver relógio de ouro

    Ao menos três teses devem ser apresentadas durante a sessão; área técnica do tribunal entendeu que Lula não precisa devolver presente

    O Tribunal de Contas da União (TCU) deve retomar na tarde desta quarta-feira (7) o julgamento que decidirá se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem de devolver o relógio de ouro que ganhou de uma fabricante francesa em 2005.

    O modelo Cartier Santos Dumont, um dos mais clássicos da marca francesa, foi dado de presente ao presidente em seu primeiro mandato. O relógio é feito de ouro branco 18 quilates e prata 750, e tem uma coroa arrematada com uma pedra safira azul.

    O tribunal decidiu em 2016 que o presidente da República — seja ele quem for — só pode incorporar um presente a seu patrimônio privado se ele for considerado personalíssimo e de baixo valor.

    O tema divide os ministros do tribunal. O TCU é formado por nove ministros, mas Bruno Dantas, seu presidente, vota apenas em caso de desempate.

    Ao menos três teses devem ser apresentadas durante a sessão desta quarta-feira:

    1. A regra de 2016 não retroage, portanto Lula não precisa devolver o relógio.
    2. Todos precisam devolver tudo, inclusive retroativamente.
    3. Ninguém precisa devolver nada, porque não existe lei que determine isso.

    A representação foi enviada ao TCU pelo deputado federal de oposição ao governo, Sanderson (PL-RS). O processo foi pautado em maio, mas foi adiado após um pedido de vista por 60 dias.

    O parlamentar acionou o TCU depois de o tribunal determinar que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) devolvesse joias de luxo que recebeu da Arábia Saudita e armas dadas de presente pelos Emirados Árabes Unidos. Os presentes foram dados a Bolsonaro em 2021, cinco anos depois do entendimento firmado pelo TCU.

    A área técnica do TCU entendeu que Lula não precisará devolver o relógio. A avaliação é a de que mesmo itens personalíssimos de alto valor devem ser devolvidos à União. O parecer, no entanto, foi de que o entendimento de 2016 no TCU não pode ser aplicado de maneira retroativa.

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