Pereira diz a Lula que Hugo Motta não será adversário do governo
Petista sinalizou apoio a nome do Republicanos
Na conversa reservada que teve no Palácio do Planalto, nesta terça-feira (3), o presidente do Republicanos, Marcos Pereira, disse a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que era o “avalista” da candidatura do líder do partido, Hugo Motta, para o comando da Câmara dos Deputados a partir de fevereiro de 2025.
Pereira quer ser o fiador da campanha de Motta. Por isso, buscou transmitir ao petista a segurança de que o deputado da Paraíba é um nome confiável e não será um adversário do governo no cargo.
O presidente quis saber da relação de proximidade de Motta com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Ponderou ainda a idade do parlamentar, que tem apenas 34 anos, mas finalizou dizendo que Hugo Motta é bem avaliado pelos ministros e que gostaria de conhece-lo melhor.
Após decisão de Lira, Pereira pretende articular um encontro entre o presidente da República e Hugo Motta.
Fontes do Planalto afirmam que Lula também deu carta branca a Pereira para buscar o apoio do PT.
A cúpula do partido demonstra interesse em compor com o nome do Republicanos, mas ainda há divergências.
A promessa de Pereira ao governo é manter acordos que já vinham sendo costurados com ele mesmo, enquanto candidato: a garantia de governabilidade e evitar pautas de costumes que possam colocar o governo em saia justa.
Até segunda-feira (2) à tarde, Marcos Pereira se dizia firme na disputa. Porém, um pedido de Lira o fez mudar de estratégia.
O presidente da Câmara condicionou seu apoio à desistência de Antonio Brito, do PSD. Gilberto Kassab, presidente nacional do partido, rejeitou apelos de apoio a Pereira feitos pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e por Lula.
Sob risco de ver o apoio de Kassab migrar para Elmar Nascimento, atual líder do União Brasil e nome preferido de Lira, Marcos Pereira decidiu endossar a candidatura de Hugo Motta — bem avaliada pelos líderes e vista com grandes chances de vitória pelo plenário da Casa.
Fogo amigo
No Planalto, avaliação é de que Pereira sai maior da disputa e obriga Lira a dizer não para Elmar, sem que o ônus recaia sobre o governo.
Lira havia submetido ao presidente Lula a possibilidade de veto a eventuais nomes que o desagradassem.
Elmar conta com a rejeição de adversários políticos do governo na Bahia, a exemplo do ministro da Casa Civil, Rui Costa, e do líder do governo no Senado, Jaques Wagner.
Após a confirmação de Hugo Motta como novo nome na disputa, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, do PSD, teria alertado o presidente Lula sobre a proximidade do parlamentar com Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara que teve papel decisivo na queda de Dilma Rousseff (PT) em 2016.
A Lula, o ministro recordou que Motta votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff.
No entorno do presidente, no entanto, o fogo amigo do governo não atrapalhará um acordo a favor de Motta.