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    Tainá Falcão
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    Tainá Falcão

    Jornalista, poetisa, mulher nordestina, radicada em Brasília com passagem por SP. Curiosa. Bicho de TV. Informa sobre os bastidores do poder

    Nunes e Bolsonaro parecem viver um relacionamento sem compromisso

    Prefeito se esquiva de firmar sua imagem ao lado do ex-presidente, que também faz pouco caso sobre apoio à recondução de Nunes em São Paulo

    As imagens do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), no ato pró-Bolsonaro da Avenida Paulista, no último domingo (25), não deixaram dúvidas de que são muitas as distâncias que ainda o separam do ex-presidente.

    Nunes aparece visivelmente acanhado no trio elétrico de Jair Bolsonaro (PL), para onde somente os “VIPs” foram convidados, aqueles apontados como herdeiros naturais do espólio político do ex-mandatário.

    De verde e amarelo, Nunes aproveitou a plateia para posar ao lado de nomes de peso da direita, a exemplo do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União) — como na foto no alto do texto — e do governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), amigo e aliado.

    Foi Tarcísio quem fez o convite, mas partidários do MDB lhe recordaram que o dono da manifestação tinha nome, sobrenome e um risco alto: Bolsonaro, alvo de investigações sobre uma intentada golpista no país.

    Poucos dias antes, o partido de Nunes fez um gesto curioso ao convocar lideranças nacionais para a posse de dois novos secretários em São Paulo — um deles ligado à esquerda, vale lembrar. Políticos de outros estados não teriam razão para estar ali não fosse a tentativa de o partido abençoar a imagem de Nunes antes do sacrifício.

    Em outras palavras: mostrar que Nunes tem apoio de uma frente ampla e democrática — apesar de Bolsonaro.

    Ainda antes do ato, enquanto Ricardo Nunes consultava aliados sobre ganhos e perdas ao emprestar sua imagem de politico moderado à manifestação, Bolsonaro tampouco demonstrava fazer muita questão de sua presença.

    Tanto não o fez que telefonou ao prefeito para lhe dispensar com a desculpa de compreender o receio da exposição a um eleitorado pouco afeito a outsiders. Nos bastidores, nomes próximos ao ex-presidente alertavam: “Se Nunes não for, está morto!”. A desconfiança do prefeito falou mais alto.

    No ato, Bolsonaro fez breve menção ao nome de Ricardo Nunes, que nem usou da palavra e foi embora antes do discurso estridente do patrocinador do evento, o pastor Silas Malafaia.

    Na sequência, apareceu em imagens divulgadas por aliados de Bolsonaro numa pizzaria da cidade em momento de descontração e intimidade fabricada. Para a campanha, o saldo foi positivo e o movimento cirúrgico. Nunes saiu ileso. Talvez seja justamente esse o problema para Bolsonaro.