Campanha de Nunes quer Bolsonaro em programa de TV
Aposta em ex-presidente cresce após efeito Marçal; Bolsonaro ainda não tem agenda fechada
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) será convidado para gravar vídeos ao lado do prefeito Ricardo Nunes (MDB). A ideia é utilizar o material na campanha do emedebista na TV, já a partir desta sexta-feira (30).
Articuladores de Nunes também querem intensificar a presença do ex-mandatário e do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) nas redes sociais.
A estratégia tenta neutralizar a ofensiva de Pablo Marçal sobre o voto bolsonarista. A última pesquisa Datafolha mostrou o empresário tecnicamente empatado com Nunes e Boulos.
Além de Bolsonaro, a campanha também pretende valorizar o vice de Nunes, o ex-comandante da Rota, coronel Mello Araújo, escolhido a dedo pelo ex-presidente para a função.
No material de campanha, Mello Araujo deve reforçar o combate ao crime organizado quando era presidente da Ceagesp, a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo.
Apesar da prometida ofensiva bolsonarista, o grupo próximo ao ex-presidente que dialoga com a campanha de Nunes ainda vê o movimento com desconfiança.
Sob reserva, aliados de Bolsonaro reclamam que não tem sido procurados pelo comando da campanha de Nunes, nem mesmo consultados sobre a participação do ex-presidente.
Fontes ligadas a Bolsonaro demonstram irritação com o prefeito, sob avaliação de que Nunes perdeu o “timing”.
Essas mesmas fontes insistem que o prefeito precisa radicalizar o discurso, ou seja, adotar pautas afeitas ao bolsonarismo, a exemplo do combate à ideologia de gênero e ao aborto e mais foco em segurança pública, com discurso mais punitivista.
A última vez em que Nunes e Bolsonaro estiveram juntos foi na convenção que sacramentou o candidato do MDB. Agora, Jair Bolsonaro deve ficar pelo menos nove dias viajando.
Até sexta-feira, o ex-presidente estará no Paraná. Na próxima semana, Bolsonaro tem viagem prevista para Minas Gerais e só deve ir a São Paulo para a manifestação do dia 7 de setembro.
Entre os partidos que apoiam o prefeito também há divergência sobre a exploração da imagem de Bolsonaro, que apresenta alto risco de rejeição em São Paulo: 63%, segundo Datafolha da semana passada.