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    Priscila Yazbek
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    Priscila Yazbek

    Correspondente em Paris, Priscila é apaixonada por coberturas internacionais e econômicas — e por conectar ambas. Ganhou 11 prêmios de jornalismo

    Novo premiê francês votou contra descriminalização da homossexualidade entre jovens

    Comunidade LGBT+ reage com indignação à nomeação de Michel Barnier como novo premiê francês ao lembrar voto contra os direitos dos homossexuais em 1981

    A indicação de Michel Barnier como novo primeiro-ministro da França foi recebida com indignação pela comunidade LGBT+ francesa. Em 1981, o então deputado votou contra a descriminalização da homossexualidade entre jovens.

    Depois de sete semanas de espera, Emmanuel Macron nomeou Barnier, de 73 anos, como o novo primeiro-ministro francês nesta quinta-feira (5).

    A Inter-LGBT, entidade que reúne associações de defesa dos direitos LGBT+ na França, e que organiza a Parada LGBT+ no país, disse estar “consternada”. No X, a associação afirmou que vê a nomeação como “um sinal mais claro do que nunca que o governo será hostil aos nossos direitos e à nossa existência” .

    “Michel Barnier votou, portanto, contra a… descriminalização da homossexualidade”, protestou no X o porta-voz do Stop Homophobia, entidade de combate a homofobia na França.

    A Assembleia Nacional francesa, o equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil, debateu uma proposta de lei sobre a descriminalização da homossexualidade em dezembro de 1981, poucos meses após a posse de François Mitterrand.

    O projeto de lei visava revogar o segundo parágrafo do artigo 331º do Código Penal, que punia “atos imodestos ou antinaturais com menor do mesmo sexo com idade superior a quinze anos”, o que levou à descriminalização das relações homossexuais entre jovens de 15 a 18 anos.

    A descriminalização da homossexualidade foi aprovada por 327 votos a favor, sobretudo de socialistas e comunistas, contra 155 votos contra, principalmente da direita e do centro.

    Dentre os votos contrários, estava o de Michel Barnier, que à época tinha 30 anos e se opôs junto a figuras conhecidas da direita francesa, como Jacques Chirac, Jean-Claude Gaudin, François Fillon, Philippe Séguin e Jean-Louis Debré.

    Jean-Luc Mélenchon, líder do partido França Insubmissa, considerado por alguns como uma sigla de ultraesquerda, criticou a nomeação do premiê no X, destacando o seu voto de 1981.

    “Que mensagem estranha enviada a um país que busca formas de se unir por todos os meios, de nomear alguém que votou contra a descriminalização da homossexualidade. Qual é o significado de tal mensagem?”, questionou.

    Outros deputados do França Insubmissa, como Claire Lejeune e Louis Boyard, também afirmaram que Barnier é um homem “obcecado pela imigração, que votou contra a descriminalização da homossexualidade”.

    Conhecido nome da direita e ex-ministro de Nicolas Sarkozy e Jacques Chirac, Michel Barnier despertou fortes críticas entre políticos de esquerda que esperavam um primeiro-ministro do seu campo, depois de ganhar o maior número de deputados nas eleições parlamentares.

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