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    Phelipe Siani
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    Phelipe Siani

    Comunicador, palestrante e âncora na CNN Brasil desde 2019. Empreendedor serial, fundador da Albuquerque Content e da Intrend.AI

    O mercado não pode ignorar a estratégia de marketing da Billie Eilish

    A cantora ganhou 6 milhões de seguidores em 24 horas e deu uma aula de estratégia pra divulgar o novo álbum

    Ó, eu já quero começar esse texto dizendo que nunca fui um grande fã da Billie Eilish, mas que, obviamente, reconheço a grandiosidade e o talento dela pra música.

    Ela tem 22 anos. Com essa idade, eu ainda tava juntando dinheiro pra tentar comprar meu primeiro carrinho super usado. Ela já é multimilionária, tem mais de 65 milhões de ouvintes mensais só no Spotify e tem uma música que ganhou um Oscar na trilha sonora de Barbie.

    O que eu não sabia sobre ela era que esse talento todo também servia pra usar as mídias sociais de um jeito tão habilidoso.

    Não é novidade pra ninguém que praticamente todos os artistas grandes têm uma presença bastante forte na internet, principalmente no Instagram, TikTok e afins. São pouquíssimos os que fogem à regra, tipo o Cillian Murphy, protagonista de Oppenheimer e Peaky Blinders. O cara resiste bravamente à tentação de posts pra alimentar o próprio ego e/ou o próprio bolso.

    Mas voltando pra Billie Eilish, se liga no que ela fez: Do mais absoluto nadão, todos os seguimores dela entraram no Close Friends. É aquele grupo seleto que o dono da conta escolhe pra receber alguns Stories específicos, que o resto não tem acesso. Se você tá no Close Friends de alguém, o ícone desses Stories especiais dessa pessoa aparece no alto da tela com uma bola verde ao redor, sabe?!

    Tá, mas por que ela fez isso? Primeiro, que tá no Close Friends de alguém é sinal de que você importa praquela pessoa e, normalmente, ela te conhece. Ou seja, pra um fã, entrar de repente na lista de Close Friends do maior ídolo é um sonho praticamente inatingível. Imagina o susto das pessoas percebendo que tavam lá?!

    Segundo, o seguidor que descobriu que tinha entrado no Close Friends da cantora demorou pra perceber que todos os outros também tinham sido incluídos. Até descobrir isso, todo mundo se sentiu agraciado e especial. Quando começaram a perceber que geral tava vendo a bolinha verde de Stories o zumzumzum já tinha rolado e, assim, geral começou a falar dela.

    Se você já produziu ou produz conteúdo pra um grupo de Close Friends sabe que pra criar essa lista, você tem que selecionar seguidor por seguidor. Só que, pra começar essa zueira, a Billie Eilish já tinha impressionantes 110 milhões de pessoas seguindo a conta dela. Imagina o trabalho que ia dar ter que clicar em cada um desses usuários pra ativar a estratégia?

    É por isso que muita gente ventilou a possibilidade do próprio Instagram ter ajudado a equipe da cantora a fazer isso. Mas tendo ajuda ou não, o resultado foi que, em 24 horas, a Billie Eilish ganhou incríveis 6 milhões de novos seguidores no instagram. Em uma semana, esse número chegou a 10 milhões de novas contas.

    Mas o grande barato dessa história é que ela não fez isso só pra ganhar novos seguidores. Até mesmo porque ela já era seguida por mais da metade de um Brasil no Insta. A estratégia de marketing nada tradicional gerou um buzz tão grande que ela virou um dos assuntos mais comentados do Google e o alcance das redes dela nos dias seguintes foi pra lua. Aí, o que que ela fez? Aproveitou toda essa atenção pra anunciar um álbum novo.

    Você tem noção da genialidade dessa estratégia? Consegue imaginar quanto ela ia ter que gastar pra conseguir atrair tanta gente falando sobre ela no momento de lançamento de um álbum? Esse case não pode ser ignorado, principalmente pelas empresas que tão tentando se reinventar no mercado digital.

    O que a Billie Eilish fez foi hackear o sistema, propor um desvio de função pra uma utilidade da plataforma, fazer o que ninguém mais tinha feito até então.

    Pra mim, essa é a grande lição. Entender que sair da caixa é tentar o novo, ousar com o diferente, com o que ninguém experimentou ou imaginou.

    Eu queria saber como foi a reação em cima de quem sugeriu essa estratégia. Certamente, alguém deve ter apontado o dedo dizendo que fazer isso era loucura. Nessas horas, eu prefiro olhar praquela frase do Einstein que disse que “insanidade é fazer sempre as mesmas coisas e esperar resultados diferentes”.

    E o que mais tem no mercado é empresa querendo se comunicar melhor que o concorrente, mas fazendo exatamente o que ele faz, porque tem medo do novo. Vida longa aos sãos!