A franquia que dominou a cultura pop quer dominar um mercado trilionário
Desde os anos 80, Star Wars já virou jogo de videogame em dezenas de oportunidades, mas nunca como dessa vez!
Eu jogo videogame desde que eu tenho as minhas primeiras lembranças de vida. Hoje, com a vida de adulto pagador de boleto, eu já não consigo jogar com a intensidade e a frequência que eu gostaria, mas sempre que dá eu sento na frente da TV pra relaxar com um jogo novo ou passo um tempo brincando no celular.
Eu conheci o tal do videogame numa época em que ele era só um aparelho que as mães achavam que ia quebrar a TV se ficasse ligado por muito tempo. No fim dos anos 80, começo dos 90, era algo ainda muito ligado a brincadeira de criança. Mas os gamers cresceram e, por incrível que pareça, cresceram até menos do que a tecnologia dos consoles, que evoluiu exponencialmente.
Hoje, tem jogo que faz um desavisado se confundir se aquilo que tá passando na TV é videogame ou filme. E isso atrai uma montanha de dinheiro cada vez maior por aqui e mundo afora.
O Brasil é o décimo país do planeta em faturamento, um setor por aqui de quase R$ 15 bilhões, segundo a newzoo, que é uma consultoria que acompanha o mercado global de games.
Metade dos moradores do nosso país se enxergam como gamers, assim como quase 3,5 bilhões de pessoas no mundo todo que, juntas, devem gastar em jogos eletrônicos esse ano quase US$ 190 bilhões, ou mais de R$ 1.000.000.000.000,00… se você, assim como eu, se perde em meio a tantos zeros, isso aí é um TRILHÃO de reais.
Mas, como você já deve imaginar, um mercado com tanto dinheiro na mesa atrai cada vez mais empresas, cada vez mais investimentos. Nos primeiros jogos lançados lá nos anos 80, um único programador fazia tudo, do desenvolvimento gráfico às escolhas sonoras, roteiro, tudo mesmo. Hoje, fazer um único jogo de videogame pode ser uma tarefa que precisa de centenas de profissionais. Imagina o custo disso, e o risco de investir tanto em algo que não vai vender como o esperado.
No caso de Star Wars, a gente tá falando de uma das maiores franquias de cultura pop da história, que hoje pertence à Disney. Ao longo das décadas, alguns bons jogos foram lançados pra fazer jus à história que foi criada lá atrás pelo George Lucas, mas nunca ninguém chegou a fazer um game em mundo aberto da franquia como esse de agora, que chama Star Wars Outlaws e conta a história de uma mercenária que viaja por planetas em busca de missões que paguem bem.
Pra quem entende pouco de videogames, jogo em mundo aberto é aquele em que a gente controla um personagem que pode ir pra qualquer lugar do mapa. Não existe uma sequência muito definida de missões pra serem cumpridas, quem joga tem total liberdade pra ir pra onde quiser e fazer as tarefas na ordem que entender mais conveniente. E todas essas decisões, claro, influenciam no desenrolar e no fim do jogo.
Esse estilo de jogo ficou muito famoso, principalmente, com GTA, uma outra franquia que sempre lançou jogos com essa lógica e que virou sinônimo de qualidade em mundo aberto.
Estrear nessa modalidade não é pouca coisa. Qualquer inovação que carregue um nome tão forte pra indústria precisa ser cercada de cuidados muito maiores. Um fracasso comercial nesse caso reverbera em níveis muito mais altos do que um jogo novo que vende pouco, mas não traz a responsabilidade de uma marca gigante por trás.
Pra entender um pouco desse cuidado com uma produção tão importante, uma equipe nossa, da CNN, foi convidada pra visitar os estúdios que fizeram o jogo lá em Malmo, na Suécia. Ali, a gente conseguiu entender em detalhes o passo a passo de um trabalho tão detalhado, num mercado tão competitivo. A indústria, que antes tinha um profissional pra tudo, hoje tem especialistas que viajam o mundo pra tentar captar sons que traduzam personagens que nem existem no mundo real.
Esse material todo tá nessa reportagem em vídeo no início desse texto. Veja e mostre pra quem você conhece e até hoje acha que videogame é só coisa de criança. Essa indústria amadureceu e deve continuar crescendo a níveis impressionantes, principalmente num país como o nosso, que tem a população com o maior índice de ansiedade do mundo.
Jogar videogame é um entretenimento necessário pra quem gosta e isso, acredite, é científico. Em 2018, um estudo da Associação Norte-Americana de Simulação e Jogos mostrou que jogar meia hora de videogame por dia quatro vezes por semana trouxe resultados melhores pra saúde mental dos pacientes com transtornos do que aqueles que seguiram com os tratamentos mais convencionais.
Se a gente comparar a indústria dos games com outras mais tradicionais, a gente tá falando de um setor que ainda tá engatinhando. Mas, em termos de negócios, os números são bastante interessantes. E, como em toda indústria, existem iniciativas mais lucrativas que outras.
Star Wars Outlaws é mais uma grande tentativa de impulsionar ainda mais essas cifras. E quem ganha com essa guerra capitalista é sempre quem joga e tem cada vez mais opções legais pra relaxar quando chega em casa.