Caciques e deputados dominam recursos do Fundo Eleitoral e dificultam renovação
Recursos neste ano batem recorde e somam 4,9 bilhões de reais
Na reta final das convenções partidárias, os pré-candidatos ampliam a pressão sobre as legendas por recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha, conhecido como fundo eleitoral, que este ano será de 4,9 bilhões de reais — um recorde.
Os pedidos chegam de todas as partes, mas os critérios estabelecidos pelas siglas estabelecem um filtro que dificulta a renovação nas instâncias partidárias, no parlamento e nos executivos.
Segundo Marcelo Issa, diretor executivo da ONG Transparência Partidária, os deputados dos grandes partidos como PL, PT, PSDB, PSD e MDB definem boa parte da divisão de recursos e privilegiam os prefeitos de seus respectivos redutos.
Os chamados “caciques” partidários, porém, têm a chave do cofre.
“Hoje os partidos, em geral, reservam em torno de 30% dos recursos para os deputados, 15% para os senadores e o restante fica a critério das executivas. Essa dinâmica favorece o que a ciência política chama de vantagem do incumbente. São muitas as vantagens para quem está no cargo e busca a reeleição”, disse Issa.
A Justiça Eleitoral exige que os partidos digam quais serão os critérios mas, segundo Issa, as explicações são vagas.
“A concentração de recursos nas mãos dos caciques também mina a dinâmica democrática interna dos partidos”, disse Marcelo Issa.