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    Pedro Duran
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    Pedro Duran

    O pai do Benjamin passou pela TV Globo, CBN e UOL. Na CNN, já atuou em SP, Rio e Brasília e conta histórias das cidades e de quem vive nelas

    Quatro dias antes da prisão, Domingos Brazão disse à CNN que não temia a Polícia Federal

    Suspeito de mandar matar Marielle Franco disse que vereadora não tinha 'a menor importância' na vida dele e do irmão, Chiquinho Brazão

    Na última quarta-feira (20), exatos quatro dias antes de ser preso, o conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, Domingos Brazão, disse à CNN que não temia ser alvo de uma nova operação da Polícia Federal (PF). Ele foi preso neste domingo (24), suspeito de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco.

    Perguntado sobre a possibilidade de uma ação da PF, como um novo mandado de busca e apreensão contra ele, Brazão afirmou: “Eu não posso temer isso, cara. Porque eu nunca vi essas pessoas na minha vida. Isso é uma loucura. Estão me enterrando vivo. Eles enterraram a Marielle morta, e o Anderson, coitados, e estão me enterrando vivo. Levando um pedaço da minha família”.

    Brazão já tinha sido denunciado em 2019 pela então Procuradora Geral da República, Raquel Dodge, por obstruir a Justiça nesse caso, e já havia sido alvo de um mandado de busca e apreensão.

    Questionado especificamente sobre a então possibilidade de nova operação da Polícia Federal contra ele, o conselheiro do Tribunal de Contas disse que, se isso acontecesse, pesaria a favor dele.

    “Pode fazer, eu já tive busca e apreensão aqui, eu acho que faz prova a meu favor. A não ser que venha aqui e ‘plante’ coisa. Você não tá entendendo a gravidade disso, rapaz. Eu sou pai de família, meu irmão. Eu tenho família e eles estão me enterrando vivo”, afirmou.

    “Se me embucharem num negócio desse, cara… se embucharem a gente num negócio desse, isso vai ser a coisa, sabe, mais louca que eu já vi, num país igual ao nosso que não temos cultura disso, cara”, completou.

    O ex-deputado estadual recebeu o telefonema da CNN pouco depois da revelação de que Chiquinho Brazão, irmão dele, tinha sido citado na delação premiada de Ronnie Lessa, o homem que deu 13 tiros contra o carro de Anderson Gomes e Marielle Franco em 14 de março de 2018. Ele pontuou que vê de maneiras distintas as divergências políticas dos crimes.

    “Coisa de política, de deputado, coisa de Alerj, discussão de Alerj, essas coisas, é do jogo. Divergências, convergências… Mas nós estamos falando de crimes bárbaros, rapaz. Isso é uma coisa que não fecha a conta, cara. Se eu tivesse alguma coisa contra isso eu estava aqui até hoje? Das duas uma, ou eu já tinha pulado do prédio ou tinha sumido, cara”, afirmou.

    Ao longo dos últimos meses, Brazão vem sustentando a tese de que não conhecia Marielle Franco, que não sabia de quem se tratava e que mal havia encontrado com ela ou com os outros investigados.

    “Eu nunca vi essas pessoas. Eu conheci tanto a Marielle quanto você. Eu conheci tanto o Élcio, o Lessa e o Anderson, quanto você. Eu nunca vi essas pessoas na minha frente, cara. Se eu vi a Marielle na posse lá… que eu fui na posse do meu irmão, devo ter visto, mas eu nem lembro dela! Não tinha a menor importância nas nossas vidas”, afirmou.

    O ex-deputado estadual ainda disse que “se não tivesse a verdade”, “não suportaria” e reclamou de, naquele momento, ainda não ter tido acesso ao processo que corria em segredo de Justiça.

    A decisão de derrubar o sigilo do inquérito final da Polícia Federal e da Procuradoria Geral da República (PGR) foi tomada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesse domingo.

    “Nunca me deram acesso, eu já pedi tudo. Já fui na Delegacia de Homicídios, na Polícia Federal, já teve busca e apreensão na minha casa, eu nunca saí. Todas as vezes eu viajo e volto, trabalho e sigo a minha vida”, disse Brazão se referindo à possibilidade de uma eventual fuga.

    Em nota, o advogado de Domingos Brazão afirmou que “desde o primeiro momento [Brazão] sempre se colocou formalmente à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos que entendessem necessários” e que “foi surpreendido” neste domingo pela determinação do Supremo Tribunal Federal. “Em tal contexto, reforça a inexistência de qualquer motivação que possa lhe vincular ao caso e nega qualquer envolvimento com os personagens citados, ressaltando que delações não devem ser tratadas como verdade absoluta – especialmente quando se trata da palavra de criminosos que fizeram dos assassinatos seu meio de vida – e aguarda que os fatos sejam concretamente esclarecidos”, afirma o texto.