Uma semana depois da operação que prendeu pessoas e cumpriu mandados de busca e apreensão contra empresas que controlavam parte do transporte público na cidade de São Paulo, o Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, Sindpesp, reagiu ao fato de a Polícia Civil ter sido escanteada pela força-tarefa.

Em nota enviada à CNN, eles também reagiram a declarações do secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite (PL), que exaltou o protagonismo da Polícia Militar (PM) no combate ao crime organizado.

Em nota, o sindicato alega que o ambiente é “tenso”, questiona a falta de integração das forças de segurança e o possível prejuízo do serviço prestado à sociedade.

“As forças de segurança precisam trabalhar em sintonia, harmonia e sinergia no estado de São Paulo. À Polícia Civil cabe o papel de investigar e de promover operações. À PM cabe o trabalho nas ruas, de patrulhamento ostensivo e preventivo. Quando o Estado passa a transferir atribuições da Civil para a Militar, a própria PM fica sem fazer o que, prioritariamente, é de sua alçada”, afirmou a presidente do sindicato, Jacqueline Valadares.

“Isso pode fragilizar ainda mais a estrutura policial como um todo. Sem contar que, a ponta, que é a população, que tanto clama por segurança, será prejudicada. Cabe à Secretaria de Segurança Pública unir as forças policiais e não confundir todo o trabalho”, completa Valadares.

Em um vídeo divulgado em redes sociais e pelo WhatsApp, o deputado federal Delegado Palumbo (MDB) fala em “usurpação” e “equívoco” por parte da cúpula da segurança pública de São Paulo.

“Quantas chamadas do telefone 190 deixam de ser atendidas, atualmente? Milhares. A população liga no 190, não vai viatura, não vai ninguém. E vão colocar a PM para fazer TCs?”, questiona o parlamentar.

Os TCs são os Termos Circunstaciados, que registram as ocorrências acompanhadas pelos policiais.

A CNN já havia revelado que a estratégia da Operação Fim da Linha foi excluir a Polícia Civil e colocar em campo a “Tropa do Derrite”, formada por policiais militares de elite.

Fontes ligadas à ação disseram à CNN que o tema era “ultra sensível” e que a escolha da elite da PM foi cirúrgica, para evitar qualquer tipo de vazamento que pudesse atrapalhar as prisões e as buscas e apreensões programadas pelo Ministério Público.

A CNN questionou a Secretaria de Segurança Pública sobre as críticas dos delegados e aguarda resposta.