Caso Marielle: “Se esse cara está envolvendo eu e meu irmão, não está perto do fim”, diz Domingos Brazão
Conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, disse à CNN estar sendo "enterrado vivo" com notícias sobre o envolvimento dele no crime
Apontado por Ronnie Lessa como um dos responsáveis por ter encomendado o assassinato de Marielle Franco (PSOL), o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro Domingos Brazão disse à CNN que as notícias sobre o envolvimento dele com o caso estão fazendo com que ele seja “enterrado vivo”.
Brazão nega ter conhecido Marielle, Anderson, Ronnie Lessa ou Élcio Queiroz e afirma que, se de fato Ronnie Lessa tiver citado o nome dele e do irmão na delação premiada, é porque está “protegendo alguém”. Domingos é irmão de Chiquinho Brazão (União Brasil), deputado federal pelo Rio de Janeiro.
“Se esse cara está envolvendo eu e meu irmão não está perto do fim. Vai ficar provado que ele quer proteger alguém ou muito poderoso ou muito importante pra ele”, disse à CNN. “Eu nunca vi essas pessoas, eu não conheço, eu não posso acreditar numa loucura dessas”, completou.
O caso estava no Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde conselheiros do TCE têm foro privilegiado. Depois, subiu para o Supremo Tribunal Federal (STF), onde deputados federais têm foro privilegiado. Foi no STF que a delação premiada de Ronnie Lessa, acusado de puxar o gatilho para matar Marielle e Anderson, foi homologada.
O advogado de Domingos Brazão, Márcio Palma, afirmou que não enxerga uma justificativa para qualquer tipo de medida contra seu cliente, como prisão preventiva ou cerceamento de algum tipo de liberdade. Eles afirmam ainda não terem tido acesso ao processo, apesar dos pedidos no STJ e STF.
“Não vejo elementos que possam autorizar a adoção de qualquer medida cautelar contra Brazão, razão pela qual não acreditamos em tal possibilidade. O Conselheiro já foi alvo de tais medidas em 2019 e, naturalmente, nada foi encontrado”, afirmou Palma. “Além disso, por inúmeras ocasiões já se colocou à disposição para prestar esclarecimentos às autoridades, caso entendam necessários”, completou o advogado.
Fontes da CNN afirmam que a delação foi negociada com três órgãos e com a defesa dele. Participaram do acordo homologado pelo STF, o Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal.