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    Pedro Duran
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    Pedro Duran

    O pai do Benjamin passou pela TV Globo, CBN e UOL. Na CNN, já atuou em SP, Rio e Brasília e conta histórias das cidades e de quem vive nelas

    A grife dos presídios: ex-camelô fatura R$ 30 mil com looks para ‘cunhadas’; veja imagens

    Camilla Bezerra lançou marca na internet após descobrir oportunidade de mercado nas filas de penitenciárias em São Paulo

    Camilla Bezerra tem 32 anos e uma longa jornada profissional. Já foi camelô no Brás, bairro tradicional da região central de São Paulo, trabalhou como modelo, vendedora e social media, além de ter sido cabeleireira e colorista na rua Augusta, também no centro da capital paulista. Dois anos atrás, no entanto, a empreendedora começou a etapa mais promissora de sua carreira, criando looks e vendendo roupas para as ‘cunhadas’.

    Esse é o apelido usado entre elas próprias para se referir umas às outras, já que na cadeia os presos são tratados como ‘irmãos’. E foi nesse público que Camilla encontrou a oportunidade que passou a lhe render R$ 30 mil mensais de faturamento no ‘Bazar da Bez’.

    Foi visitando o marido, preso em Itapetininga (SP) por tentativa de furto qualificado e condenado a 5 anos e 10 meses de prisão, que ela se sentiu motivada a construir roupas que pudessem dar elegância e beleza, dentro dos limites, para as companheiras de fila. A ideia veio depois de uma nova regra de padronização de vestimenta, definida pela Secretaria de Administração Penitenciária em 2022.

    “Em questão de poucos meses, eu já não conseguia mais responder mensagens de WhatsApp, por exemplo, que era a minha principal forma de atendimento. Botei a cabecinha para funcionar e falei, automatizarei tudo isso, criei um site. Não sabia nem como começava a fazer isso, fui na intuição, escolhi uma plataforma e eu mesma criei o site do zero. Tudo que tem lá até hoje é
    feito por mim”, conta Camilla.

    “Depois do site, acho que foi realmente a virada de chave, que eu realmente virei uma loja. Já no primeiro mês do meu e-commerce próprio, eu tive um faturamento muito além também do que eu esperava e mês após mês foi só aumentando”, completa ela.

    As roupas precisam seguir regras muito específicas para evitar contrabando de qualquer tipo deitem. Nos pés, apenas chinelos de dedo. A mulher não pode usar vestido, apenas saia comprida ou calça tipo legging, ou moletom. São vetados bolsos, bonés, zíperes, decotes, cadarços, luvas e estruturas metálicas nos conjuntos. A proibição também abrange cores usadas por detentos, trabalhadores terceirizados e agentes penitenciários. São proibidos o azul-marinho, branco, preto, caqui e marrom.

    “O ‘se arrumar’, ‘se sentir bonita’, confiante para estar ali com o parceiro, eu acho que é algo que faz parte da mulher, né? A gente sempre quer tá bonita, quer estar perfumada, quer estar com uma roupa bacana, cabelo arrumado. […] Esse comércio já existia, mas era de uma forma ‘invisibilizado’ mesmo, marginalizado, as pessoas de fora não deram atenção para isso sequer imaginavam que isso existia”, acrescenta Camilla.