Um tremendo gol contra dos times da Série A
Somente Atlético-MG e Botafogo se posicionaram a favor de paralisar o Brasileirão. Os demais cederam à mesquinharia e ao marketing de solidariedade conveniente. A CBF? Lavou as mãos
Falta de liderança, boa vontade e espírito coletivo. Isso resume a estúpida e desumana decisão de não interromper por uma ou duas rodadas a Série A do Campeonato Brasileiro. Solidariedade protocolar não resolve nada para os três clubes gaúchos que participam da competição.
Um pouco de empatia por parte de seus pares amenizaria os prejuízos esportivos de Grêmio, Internacional e Juventude. As perdas humanas são irreparáveis e os danos psicológicos, severos.
O calendário que os dirigentes esportivos brasileiros entopem sem constrangimento para fazer política poderia se adaptar a uma emergência. Há o que se chama de Data Fifa, dias em que os jogos de clubes são interrompidos para que joguem as seleções nacionais. A próxima será em junho, entre os dias 3 e 11. Outras janelas de oportunidade são as Datas Fifa de 2 a 10 de setembro, 7 a 15 de outubro e 11 a 19 de dezembro. É uma emergência.
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) poderia solicitar à Conmebol e à Fifa uma exceção para que duas rodadas do Brasileiro fossem disputadas nessas datas, sem que nenhum jogador que atue no Brasileirão fosse convocado para seleções em amistosos.
A CBF lavou as mãos e passou a decisão para os clubes da Série A. Movimento distinto daqueles nos quais ela atua fortemente em defesa de seus interesses. Prevaleceu a solidariedade para inglês ver. Somente Atlético-MG e Botafogo foram favoráveis à interrupção do torneio. O presidente do Athletico-PR, Mário Celso Petraglia, cunhou frase lapidar ao afirmar que uma paralisação “prejudicaria todos os clubes”. Dentro dessa lógica do típico cartola brasileiro, três clubes podem ser prejudicados para que outros 17 não sejam.
[cnn_galeria active=”false” id_galeria=”7717033″ title_galeria=”Veja imagens da Arena do Grêmio alagada pelas chuvas no RS”/]
O futebol não é prioritário em caso de catástrofe de impacto nacional, embora localizada. Organizar uma partida profissional demanda deslocamentos, solicitação de força policial para segurança e uma logística especial.
Simplesmente oferecer instalações para que clubes treinem e joguem em outros estados vende uma ideia de marketing de solidariedade. O efeito prático é nulo. Os times de Porto Alegre estão paralisados, com jogadores na linha de frente para salvar vidas. Que condição psicológica existe para treinoS e jogos?
A maioria dos clubes de um campeonato que se pressupõe nacional dá um péssimo exemplo de unidade.
Duas rodadas não pagam o preço de centenas de vidas perdidas e milhares destruídas?
Tremendo gol contra.
[cnn_galeria active=”false” id_galeria=”7684147″ title_galeria=”Veja imagens aéreas do Beira-Rio em Porto Alegre”/]