Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Maurício Noriega
    Blog

    Maurício Noriega

    Mauricio Noriega é um dos jornalistas esportivos mais reconhecidos do país. Ganhou o prêmio ACEESP de melhor comentarista esportivo de TV seis vezes.

    CNN Esportes

    Brasil x Estados Unidos: Marta deveria ou não voltar para a final?

    Para mim, não. A Seleção encontrou uma forma de jogar sem a Rainha, que sempre será uma arma importante, mesmo no banco

    A surpreendente e empolgante classificação do Brasil para a final olímpica do futebol feminino deixou no ar uma questão polêmica. Expulsa contra a Espanha na fase de grupos, Marta foi suspensa por duas partidas. Curiosamente, sem a Rainha o Brasil encontrou seu melhor jogo, derrotou França e Espanha e retornou à final do torneio após 16 anos.

    Penso que Marta deve começar no banco. Mas admito que, em termos de roteiro e emoção, seria maravilhoso que, em sua provável despedida, ela atuasse o jogo todo e fosse a melhor em campo, recebendo a medalha de ouro em Paris. Marta que é a única remanescente das equipes que ficaram com a prata em 2004 e 2008, perdendo para os Estados Unidos nas duas finais.

    Não se discute o talento e a importância de Marta. Ela foi eleita seis vezes a melhor do mundo. Também não se discute que o time brasileiro melhorou sem ela. Ficou mais competitivo. Com Marta parecia que o time estava preso à necessidade de se adaptar a sua grande jogadora. Sem ela, ficou mais fácil para o Brasil encaixar um jogo de pressão na saída de bola das adversárias e exploração da velocidade de suas atacantes nos contragolpes.

    Na derrota para as espanholas na fase de grupos, o Brasil atuou com cinco defensoras, quatro meio-campistas (Marta entre elas) e apenas Kerolin no ataque. A equipe brasileira teve somente 17% de posse de bola, segundo números do Sofascore. Não criou chances claras de gol e viu o adversário finalizar 28 vezes contra o gol da excelente Lorena.

    Nas quartas, contra a França, o técnico Arthur Elias mexeu no sistema de jogo e adotou um 3-4-2-1. Adriana atuou pelo setor de meio-campo pelo lado direito, onde jogava Marta. Gabi Portilho e Jheniffer deram suporte a Gabi Nunes à frente.

    A posse de bola subiu para 42%, o Brasil finalizou em 11 ocasiões e teve quatro chances claras. Foram 22 desarmes.

    Na revanche contra as espanholas, campeãs mundiais, Arthur Elias escalou Ludmila e Yasmin como meio-campistas abertas pelos lados de campo, trouxe Jheniffer para uma posição avançada e deixou Gabi Portilho no ataque. Houve força para tirar a bola das espanholas, que têm dificuldade para jogar sem posse, e explorar a lentidão das defensoras. O Brasil teve 24% de posse de bola e, mais importante, conseguiu 32 desarmes. Prevaleceu a competitividade que estava faltando.

    [cnn_galeria active=”false” id_galeria=”9579735″ title_galeria=”Brasil derrota Espanha na semifinal do futebol feminino na Olimpíada”/]

    Marta tem 38 anos e não se pode exigir dela a entrega física de Gabi Portilho, Ludmila, Gabi Nunes e Jheniffer. Seria um desperdício a Rainha correr atrás de adversárias. Ela precisa ter a saúde preservada em campo para fazer o que sabe como ninguém: criar. Mas o time brasileiro não é criativo, é reativo.

    Arthur Elias é um treinador capaz de encontrar a melhor solução. Muitas decisões são difíceis. Pode ser que o Brasil jogue sem Marta e vá mal, perdendo o ouro. Assim como a Rainha pode sair jogando e ser a melhor em campo.

    Longe de mim fazer qualquer reparo ao currículo de Marta.

    Torneios curtos como a Olimpíada muitas vezes pedem que se escute o que o campo fala. O que o treinador brasileiro pensava não deu certo. Durante o caminho as dificuldades apresentaram uma alternativa que funcionou. A lógica diz que o melhor seria não mexer em time que está ganhando. Mas como deixar no banco a maior da história em uma final?

    A bola está com Arthur Elias. Que ele tome a decisão que dê certo, e eu festeje o erro em minha opinião.

    Acompanhe a CNN Esportes em todas as plataformas

    Tópicos