Renato Gaúcho, do Grêmio, merece mais respeito como técnico
É inegável a má vontade de parte da “inteligência” do futebol brasileiro com o treinador do Tricolor Gaúcho
Embora tenha títulos importantes e trabalhos consistentes, Renato Gaúcho, ou Renato Portaluppi para aqueles da Província de São Pedro, não é levado muito a sério por uma parcela importante de críticos e torcedores.
Talvez seja por não seguir a cartilha da modernidade. Ele não utiliza termos como bissetriz, entrelinhas, último terço, bloco baixo, hat-trick, entre outros. Renato usa o vocabulário de sua época de jogador (foi um cracaço de bola): fominha, firula, pombo-sem-asa, pipoqueiro, zagueiro açougueiro e por aí vai. Vocabulários são do gosto do cliente.
O treinador do Grêmio adota frases de efeito que algumas vezes se voltam contra ele. Como no duelo com o Flamengo de Jorge Jesus pela Libertadores de 2019. Após empate de 1 a 1 em Porto Alegre, Renato disse que o Grêmio estava vivo. Provocou, afirmando que, se tivesse R$ 200 milhões, montaria uma seleção. A goleada flamenguista por 5 a 0, no Rio, gerou uma onda de memes e críticas à postura de Renato.
Algumas de suas atitudes não contribuem para a aceitação de sua persona. Renato não abre mão de sua rotina, que envolve viagens ao Rio de Janeiro, onde mantém seu “escritório” na praia e seu tradicional futevôlei. Falta a entrevistas após derrotas. Muitas vezes incomoda colegas jornalistas do Sul quando sugere que alguns agem como torcedores do rival Inter.
Renato é, sim, um excelente treinador de futebol. Dentro de sua maneira de agir, do vocabulário adotado e dos métodos aplicados. Tem um desempenho dos melhores entre os treinadores brasileiros nas últimas temporadas.
Títulos de Renato como treinador
- Copa do Brasil de 2007 – Fluminense
- Copa do Brasil de 2016 – Grêmio
- Libertadores de 2017 – Grêmio
- Recopa Sul-americana de 2018 – Grêmio
- Campeonato Gaúcho – 2018, 2019, 2020 e 2023 – Grêmio
O time do Grêmio campeão da Libertadores de 2017 praticava um futebol moderno, envolvente e vencedor. Tanto que ele foi eleito o melhor treinador da América do Sul naquela temporada e seu nome chegou a ser cogitado para assumir a seleção brasileira.
Ao levar o Grêmio para mais uma final de campeonato estadual, Renato sustenta uma linha de trabalho: tentar recuperar jogadores veteranos e lançar jovens valores. Apostou e se deu bem em nomes como Diego Souza, Cortez, Maicon, Léo Moura e, agora, Diego Costa. Mas também fracassou, como nos casos de Luan (que consagrou em 2017, mas não conseguiu recuperar), Thiago Neves, André e Carlos Alberto. O treinador já promoveu mais de 60 atletas das categorias de base ao time principal.
Fato é que Renato tem uma carreira consolidada no Grêmio. Além de títulos, aprimorou muitos bons jogadores, como Matheusinho, Everton Cebolinha, Pepê, Ferreirinha, Arthur e Pedro Rocha.
Sua capacidade e sua competência não podem ser medidas tendo como parâmetro seu comportamento e o vocabulário. Ele merece mais crédito.