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    Maurício Noriega
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    Maurício Noriega

    Mauricio Noriega é um dos jornalistas esportivos mais reconhecidos do país. Ganhou o prêmio ACEESP de melhor comentarista esportivo de TV seis vezes.

    Dez lições que o Corinthians deve tirar do vexame

    Eliminação precoce no Paulistão precisa doer em dirigentes e jogadores como dói na Fiel torcida

    É vexame e ponto final. Quando um dos quatro grandes de São Paulo é eliminado ainda na primeira fase do campeonato estadual a palavra que resume o ocorrido é vexame.

    Porque o Campeonato Paulista é pensado e formatado para proteger os grandes e fazer com que cheguem os quatro até as semifinais. Embora eles se enfrentem na primeira fase, não competem entre si, pelo regulamento, antes da fase semifinal.

    Mesmo com todo esse favorecimento, vira e mexe um grande paulista dá vexame. Desde 2014 o Corinthians não ficava de fora das quartas-de-final. Como o estadual é classificatório para a Copa do Brasil, o desempenho ruim pode comprometer a presença do clube na competição nacional de 2025.

    É preciso admitir o fiasco e sentir a vergonha que sente o torcedor para tirar lições que levem o clube à recuperação.

    1. Não se transfere responsabilidade para a torcida. Por mais que a Fiel seja um elemento importante, ela não tem poderes mágicos e nem o compromisso de corrigir erros absurdos de gestão. Torcida não contrata e não joga.
    2. Colocar a culpa na gestão anterior não resolve nada. A velha mania da política nacional se repete no futebol. A campanha terminou e a missão do presidente Augusto Melo é lidar com a situação que ele sabia que enfrentaria. Candidatou-se e foi eleito para isso.
    3. Menos papo e mais trabalho. Seduzidos pelos holofotes, os novos dirigentes corintianos viraram figurinhas carimbadas em programas de TV. Falam pelos cotovelos, produzem bravatas e oferecem versões discrepantes dos fatos. É esta a farra que precisa acabar.
    4. Nenhum feudo é maior que o Corinthians. Sabe-se há tempos que existem zonas de influência dentro do clube e do elenco profissional que minam o Corinthians. Amizades, compromissos antigos e dívidas de gratidão não podem ser colocadas à frente de um clube deste tamanho.
    5. Mais fatos e menos versões. Por pior que tenha sido a herança – e ela é terrível – a nova gestão produz situações bizarras para mascarar a realidade do clube. Fez jogadores treinarem sem estarem efetivamente contratados, anunciou renovações de contrato sem que estivessem asseguradas e bateu tambor sobre um patrocínio recorde que por enquanto não fez cócegas nas combalidas finanças alvinegras.
    6. Quantidade não é qualidade. Não é culpa dessa gestão, mas nas do grupo político que dominou o clube nos últimos anos o Corinthians chegou a ter cem jogadores sob contrato. Pagava salário para atleta jogar em outro clube. Os objetivos de empresários e clubes são opostos. Time grande não pode ser incubadora de empresário.
    7. Dados não jogam sozinhos. Departamento de análise de desempenho precisa ter menos autonomia. Por mais que os dados sejam cada vez mais importantes, há um olhar treinado e experiente que não tem substituto no futebol: o humano. Uma planilha e vídeos de melhores momentos muitas vezes vendem gato por lebre.
    8. Transparência. É preciso tratar os atletas com respeito. Quando um dirigente vai a público e diz que não deve nada aos jogadores e os jogadores sabem que ele deve, rompe-se uma regra básica de confiança. Empresas enfrentam dificuldades, mas se jogarem limpo com seus funcionários terão a compreensão da maioria.
    9. Linha de trabalho. O período de sucesso mais recente do Corinthians foi marcado por uma sucessão de trabalhos de treinadores com visões semelhantes de futebol: Mano Menezes, Tite e Carille. Nos últimos anos o Corinthians fez quase um bingo de treinadores, sem qualquer coerência. Resultado: elenco que em alguns momentos parecia um Frankenstein.
    10. Vexames não são o fim do mundo. Em 2008 o Corinthians foi eliminado na primeira fase do Paulistão após o rebaixamento para a Série B. Mano Menezes foi mantido após o fiasco, o time venceu a Série B e chegou à final da Copa do Brasil. No ano seguinte, com Ronaldo Fenômeno, o clube deu início a seu período mais vencedor. Em 2014, novo vexame no estadual, mas em 2015 o time foi campeão nacional. É preciso sentir a vergonha e transformá-la em força de transformação.

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