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    Mariana Janjácomo
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    Mariana Janjácomo

    Correspondente em Nova York, Mariana Janjácomo é mestre em jornalismo pela New York University e ama descobrir cada canto de uma das cidades mais multiculturais do mundo

    Anticlimática, Superterça acontece em meio a desânimo de americanos com eleições

    Data será oportunidade para partidos medirem apoio em diversos estados e recalibrar rotas

    Um território e 15 estados dos Estados Unidos têm prévias eleitorais nesta terça-feira (5). Mais de 30% dos delegados disponíveis estão em jogo. Normalmente, esse é um dia decisivo para a política, acompanhado por olhos atentos em todo o país, com análises e previsões sobre os diferentes cenários possíveis.

    Neste ano, porém, o clima aqui nos EUA está bem diferente: a disputa já quase definida para novembro entre Joe Biden e Donald Trump deixou a Superterça previsível, e o sentimento de anticlímax se soma ao desânimo de uma população prestes a votar no que jornais locais estão chamando de “a eleição que ninguém queria”, com dois candidatos que, na verdade, não são favoritos.

    Do lado dos democratas, não há surpresas, já que Biden tenta a reeleição mesmo em meio aos baixos índices de aprovação de seu mandato e a preocupações com sua idade e gafes em público. A essa altura, seria arriscado para o partido tentar emplacar outro nome.

    A preocupação dos democratas, agora, é tentar consolidar uma união por trás do presidente, especialmente depois do que aconteceu nas prévias do Michigan, quando mais de 100 mil pessoas (cerca de 13% dos eleitores) escolheram não votar em Biden, marcando a opção “não comprometido”.

    O gesto no estado, que tem uma grande população árabe, foi incentivado por ativistas como forma de protesto contra a maneira com que o presidente está lidando com a catástrofe humanitária na Faixa de Gaza.

    Entre os republicanos, a liderança de Trump já se provou certa. O cenário seria diferente se a única outra pré-candidata restante, Nikki Haley, tivesse se mostrado competitiva, mas, com uma sequência de derrotas nas prévias, incluindo no estado onde foi governadora, a Carolina do Sul, está claro que não é o caso.

    A permanência de Haley na disputa, agora, se dá mais por suas pretensões políticas além de 2024 do que pelas eleições em novembro.

    Mesmo com a falta de surpresas, a Superterça ainda cumpre outro papel importante: o de servir como um termômetro do entusiasmo da população americana com as eleições.

    Nos Estados Unidos, o voto não é obrigatório. Por isso, a quantidade de pessoas indo às urnas nesta terça pode ser um indicativo de o quanto os americanos estão dispostos a votar em novembro.

    Além disso, há estados com votações primárias abertas, em que qualquer eleitor pode votar em democratas ou republicanos, representando uma chance para que um dos partidos se demonstre mais capaz de energizar eleitores do que o outro.

    Outro ponto importante a ser observado, além do número de pessoas que vão às urnas na Superterça, é o perfil delas.

    Grupos minoritários ajudaram a eleger Joe Biden em 2020, e manter o apoio dessas minorias neste ano é mais uma vez crucial para o presidente. Republicanos e democratas podem usar os resultados deste dia 5 para recalibrar as rotas de suas campanhas e fazer investimentos mais específicos.

    De maneira geral, a Superterça anticlimática de 2024 é mais um elemento incomum de um ciclo eleitoral americano inédito, no qual o atual presidente sofre com uma crise de popularidade e o favorito da oposição é um ex-presidente com 91 acusações criminais contra ele, que divide o tempo entre os eventos de campanha e as audiências nos tribunais.