STF e TSE veem espaço para inelegibilidade de Marçal
Ministros entendem que coach ultrapassou limites democráticos na campanha
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) veem espaço para a declaração de inelegibilidade do ex-coach Pablo Marçal mesmo após a sua derrota na disputa à prefeitura de São Paulo.
A condenação pode vir em duas frentes. A primeira é a ação que discute o impacto da sua “indústria dos cortes” para as redes sociais. O caso ainda está nas instâncias inferiores, mas deve subir ao TSE pelas vias recursais.
Fontes do tribunal estão atentas aos torneios de “cortes” promovidos por Marçal entre seus apoiadores, mediante pagamento. A leitura é de que a prática pode configurar não só abuso na campanha, mas também caixa dois, já que os valores não teriam sido declarados.
Mas a segunda frente é considerada a mais forte – trata-se do processo em que Marçal é suspeito de burlar o bloqueio do X para disseminar notícias falsas, o que inclui o laudo falso publicado para atacar o candidato Guilherme Boulos (Psol).
No sábado, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) compartilhou com a presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia, informações da Polícia Federal (PF) que podem implicar a elegibilidade de Marçal.
Segundo Moraes, que antecedeu Cármen na presidência do TSE, o “intenso uso da plataforma” pelo perfil de Marçal pode configurar abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação.
O ministro escreveu que é “grave a afronta à legitimidade e normalidade do pleito eleitoral, podendo acarretar a inelegibilidade” por oito anos, caso se comprove que de fato houve abuso, o que cabe ao TSE examinar.
Na avaliação de autoridades eleitorais ouvidas reservadamente pela CNN, Marçal é um candidato capaz de ultrapassar os limites democráticos de uma campanha eleitoral e, consequentemente, desequilibrar a disputa.
Essa percepção se acentua pelo fato de ele ter recebido mais de 1,7 milhão de votos na disputa à prefeitura de São Paulo – por muito pouco não passou para o segundo turno. A leitura é de que o ex-coach pode “crescer” na política e desestabilizar a democracia.
40% dos eleitores não se identificam nem com direita nem com esquerda