“Não me preocupo com críticas”, diz Pimenta à CNN sobre politização das enchentes no RS
Escolhido por Lula como autoridade federal no estado, ministro diz que responderá com trabalho isento
Escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para ficar à frente da Secretária Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, o ministro Paulo Pimenta diz não ligar para as críticas que tem recebido da oposição e até mesmo de aliados do governo por uma suposta politização da situação.
À CNN, o ex-chefe da Secretaria Especial da Comunicação (Secom) disse que essas opiniões são até mesmo “compreensíveis”, mas que responderá com trabalho.
A oposição vem questionando a nomeação de Pimenta, eleito deputado federal pelo PT desde 2003, por acreditar que o posto poderá ser como um trampolim eleitoral para 2026, quando poderá disputar o governo do Rio Grande do Sul ou uma vaga no Senado.
Até mesmo entre integrantes e aliados do governo Lula há reservas sobre a indicação do ex-chefe da Secom para a função de autoridade federal no estado atingido pela catástrofe climática.
A avaliação é de que a presença de Pimenta pode acirrar a polarização. O estado é governado por Eduardo Leite (PSDB) e, nas eleições de 2022, entregou 56,35% votos para o ex-presidente Jair Bolsonaro, enquanto que Lula obteve 43,65%.
“[Vou responder as críticas] com trabalho, espírito público e compromisso com o Rio Grande do Sul. Não me preocupo com as críticas, são compreensíveis. Cada uma mede a conduta dos outros pela sua régua”, disse.
Fake news
Partiu de Pimenta, quando ainda estava à frente da Secom, o pedido para que a Polícia Federal investigasse fake news envolvendo a tragédia no Rio Grande do Sul. Parlamentares da oposição rebateram. Alegam que o governo tenta classificar críticas como notícias falsas.
Presidente da comissão externa da Câmara que trata das enchentes do Rio Grande do Sul, o deputado Marcel Van Hatten (Novo-RS), disse que sempre defendeu a criação de uma autoridade federal local, mas tem dúvidas se Pimenta conseguirá cumprir o papel com isenção e cita que a atuação dele sobre as supostas fake news são um “péssimo precedente.”
“Precisamos de união e de foco na solução. Se for esse o intuito do ministro, ótimo. Se não for e a opção for por partidarizar e politizar a calamidade, infelizmente teremos mais problemas ainda no Rio Grande do Sul”, disse à CNN.
Ao tomar posse como ministro da Secretaria Extraordiária de Apoio ao Rio Grande do Sul em evento com o presidente Lula na quarta-feira (15), Pimenta disse que quer trabalhar em sintonia com o governo do Estado. Eduardo Leite estava presente na cerimônia.
“O trabalho que nós temos pela frente é um desafio enorme para cada um, cada uma de nós. Desde o primeiro momento temos trabalhado, quero aqui publicamente dizer isso, em absoluta sintonia e parceria com o governo do estado”, disse o ministro.