Bolsonaro retorna a Brasília após indiciamento por tentativa de golpe e se reúne com defesa
Ex-presidente estava em Alagoas e volta ocorre sob expectativa de levantamento de sigilo de relatório final da PF
Após ser indiciado por tentativa de golpe de estado, Jair Bolsonaro (PL) desembarca em Brasília na noite desta segunda-feira (25). Nos próximos dias, ele deve se reunir com advogados para discutir sua estratégia de defesa.
O retorno do ex-presidente à capital federal ocorre sob a expectativa do levantamento de sigilo do relatório final da Polícia Federal que o apontou como líder da organização criminosa que conspirou para evitar a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O documento deve revelar a dinâmica da trama golpista.
Bolsonaro estava com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro em São Miguel dos Milagres (AL) na casa do ex-ministro do Turismo, Gilson Machado (PL), há uma semana.
Foi de lá que o ex-presidente acompanhou a Operação Contragolpe da PF que, na última terça-feira (19), mirou o general da reserva Mario Fernandes, outros três militares e um policial federal por fazer um plano para executar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.
Na quinta-feira (21), o relatório do inquérito da tentativa de golpe com indiciamento de 37 pessoas, incluindo Bolsonaro, alguns de seus principais auxiliares no governo e militares.
No mesmo dia, o seu ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, prestou depoimento ao ministro Alexandre de Moraes e conseguiu manter os benefícios do acordo de colaboração premiada ao dar detalhes sobre a participação do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, na trama golpista.
A interlocutores, Bolsonaro tem afirmado que o indiciamento era esperado e tem repetido que os próprios áudios do general Mario Fernandes indicam que ele não aderiu a um golpe.
Então número 2 da Secretaria-Geral da Presidência, Mário Fernandes era, dentro do governo, um dos que mais pressionaram por uma ação para impedir a posse de Lula. O general imprimiu duas vezes em seu gabinete no Palácio do Planalto o planejamento para a execução de um golpe.
“‘Ah, não, porra, aí vão alegar que eu tô mudando isso pra dar um golpe’ [teria dito Bolsonaro]. Porra, negão. Qualquer solução, Caveira [apelido de Marcelo Câmara], tu sabe que ela não vai acontecer sem quebrar ovos, né, sem quebrar cristais. Então, meu amigo, parti pra cima, apoio popular é o que não falta.”
A justificativa mais recorrente para negar participação na trama golpsita, segundo um importante aliado de Bolsonaro, era que “todo dia chegava um tabajara com ideias mirabolantes”, mas que o ex-presidente lembrava que qualquer medida precisaria de um Conselho da República para adotar qualquer medida.
A Constituição prevê que o presidente faça a convocação do Conselho da República apenas em casos de intervenção federal, Estado de Defesa e de Sítio, ou crise institucional.
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