Principal fiador político para a reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), conversou nesta terça-feira (8) com um dos coordenadores da campanha de Pablo Marçal (PRTB), Filipe Sabará.

A conversa sobre eventual apoio a Nunes contra Guilherme Boulos (PSOL) ocorreu antes da entrevista coletiva do influenciador na noite desta terça. O governador atendeu um pedido do presidente do MDB, deputado federal Baleia Rossi, para que falasse com aliado de Marçal.

Filipe Sabará havia procurado o advogado Fabio Wajngarten na segunda-feira (7), após Nunes dizer que não buscaria o apoio de Marçal.

Em uma reunião de três horas, Sabará disse que Marçal poderia declarar voto em Nunes diante de uma retratação do prefeito e do compromisso de criar escolas de empreendedorismo e escolas olímpicas, além incluir no currículo escolar as disciplinas de inteligência emocional e educação financeira.

Wajngarten, por sua vez, acionou o presidente do MDB, que é coordenador da campanha, que fez a interlocução com Tarcísio. Parte da equipe de Nunes avaliava ser importante ter a força digital de Marçal contra Boulos.

Tarcísio então telefonou para Sabará, que até junho deste ano, ocupou o cargo de secretário-executivo de Desenvolvimento Social no governo de São Paulo.

No diálogo, Tarcísio não pediu apoio do empresário, mas disse que é importante derrotar a esquerda e vencer Boulos. O governador ainda falou dos ataques que ocorreram ao longo do primeiro turno e disse ser fundamental que houvesse uma retratação de Marçal.

De acordo com relatos à CNN, o governador disse que uma aliança contra Boulos dependeria da vontade de Nunes e Marçal.

Por sua vez, Sabará voltou a repetir ao governador que um apoio de Marçal ao prefeito dependeria de uma pedido de desculpas do prefeito e que ele retirasse as acusações de que o influenciador teria ligações com o crime organizado.

Em uma entrevista coletiva na noite desta terça-feira, Marçal falou publicamente sobre a condição de um possível apoio à reeleição de Nunes a uma retratação pública e à incorporação de propostas de seu plano de governo.

Mas foi além. O influenciador também criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o filho do ex-presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o pastor Silas Malafaia, que foram contra sua candidatura.

Antes mesmo da declaração de Marçal, aliados de Ricardo Nunes diziam ser difícil a presença de Marçal em um palanque do prefeito. Depois da entrevista, a viabilidade de um apoio é considerada ainda mais remoto.

Um dia após passar ao segundo turno, Nunes já havia dito que precisará dos eleitores de Pablo Marçal (PRTB) no segundo turno da disputa, mas que não aceitará o adversário em seu palanque.

“Não vou procurar [o Marçal]”, respondeu Nunes ao ser questionado por jornalistas sobre eventual apoio do ex-rival na disputa. “Se for procurado, eu vou dizer a ele que espero que ele tenha aprendido com os erros e que ele possa fazer uma boa reflexão de tudo aquilo que ele cometeu de erro e que ele siga o caminho dele e eu sigo o meu”, completou.

Como mostrou a CNN em setembro, Tarcísio, alvo de ataques de Marçal, já havia indicado a aliados não querer conversa com o influeciador para apoio a Nunes

A interlocutores, Tarcísio disse que, diante da agressividade de Marçal, por parte dele, não há espaço para diálogo com o empresário.

Apesar disso, avalia que os eleitores do empresário naturalmente votarão em Nunes para evitar uma vitória da esquerda com Boulos.