Espaço de vice bolsonarista em campanha de Nunes ainda é incerto
Avaliação é de que coronel Mello Araújo não traz votos e precisa ter imagem trabalhada por marketing
Na expectativa pela confirmação do coronel Mello Araújo como vice na disputa pela Prefeitura de São Paulo, a campanha de Ricardo Nunes (MDB) ainda não sabe o tamanho do apadrinhado do ex-presidente Jair Bolsonaro terá na corrida eleitoral.
A avaliação é de que o policial militar ainda precisa ter a imagem trabalhada pelo marketing para se posicionar na disputa. Apesar de ser ex-comandante da Rota, tropa de elite da PM paulista, e ter comandado a Ceagesp por indicação de Bolsonaro, Mello é considerado uma figura pouco conhecida.
Articuladores entendem que o nome indicado por Bolsonaro garante a presença do ex-presidente na campanha, mas não traz votos. Além disso, as aparições públicas do coronel Mello Araújo até agora são tímidas e pouco expressivas, sem muito potencial de atrair o eleitorado fora da bolha bolsonarista.
A indicação de Mello Araújo como vice de Nunes gerou dúvidas entre aliados do prefeito que tentará a reeleição. Porém, nesta quarta-feira (19), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), oferecerá um jantar a dirigentes de 11 partidos que compõem a coligação em torno de Nunes no Palácio dos Bandeirantes para selar a aliança e chancelar a escolha do vice bolsonarista.
Nesta quarta-feira, Ricardo Nunes elogiou publicamente o seu possível vice e o trabalho feito por ele na Ceagesp. “Eu mesmo fiquei encantado. Não dá para negar que merece no mínimo o nosso respeito”, afirmou.
O coronel teve uma passagem breve pela Ceagesp, entre 2020 e 2022, mas o período ganhado destaque nas falas de Nunes, Tarcísio e de Bolsonaro. Repetem que Mello Araújo eliminou prejuízos, acabou com a cobrança de propina e e atuou no combante da exploração sexual infantil.
Por outro lado, até agora, a longa carreira na Polícia Militar de Mello Araújo tem recebido poucas referências. O coronel comandou a Rota, conhecida pela truculência na abordagem policial. Em entrevista ao UOL, em 2017, o coronel chegou a dizer que a abordagem nos Jardins, bairro nobre de São Paulo, tem de ser diferente do que ocorre na periferia.
“É uma outra realidade. São pessoas diferentes que transitam por lá. A forma dele abordar tem que ser diferente. Se ele (policial) for abordar uma pessoa (na periferia), da mesma forma que ele for abordar uma pessoa aqui nos Jardins, ele vai ter dificuldade. Ele não vai ser respeitado”, afirmou.