Análise: Nunes e Boulos abusam da ironia e se acusam de fugir das perguntas no combate final
Prefeito voltou a falar em "extremismo" do deputado do PSOL, que cita corrupção em gestão do prefeito
No confronto final pelo comando da cidade de São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) abusaram da ironia, alegaram mentiras e tentaram explorar as respectivas fraquezas no debate da Globo nesta sexta-feira (25).
A tática de ambos foi insistir que o concorrente fugia das perguntas incômodas ou mentia ao fazer acusações.
Caminhando pelo palco desenhado com o mapa da cidade ao centro, os candidatos pareciam fazer uma dança interminável de uma coreografia repetida ao longo de toda a campanha.
Nunes acusou “Guilherme” de extremista e inexperiente; Boulos apontou “Ricardo” como mau gestor e inseguro. Os dois optam por chamar o adversário pelo nome — e não pelo sobrenome.
O prefeito voltou a insistir na questão da segurança pública e, de olho no eleitorado conservador, disse que Boulos é a favor da liberação das drogas e do fim da Polícia Militar.
Em outro momento, voltou a questionar o candidato do PSOL se ele se arrependeu de ter participado da depredação da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na Avenida Paulista, em 2016, quando integrava o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST).
“Eu não depredei a Fiesp, é mais uma das suas mentiras”, reagiu o psolista.
Boulos, por sua vez, repetiu acusações de esquemas de corrupção na administração de Nunes, como a “Máfia das Creches”.
Por mais de uma vez, insistiu na pergunta se o prefeito abriria seu sigilo bancário.
Além disso, voltou a citar que o candidato do MDB, em 1996, teria sido levado para uma delegacia na cidade de Embu das Artes após supostamente ter dado tiros para cima na saída de uma boate.
“É muito ruim a gente querer falar da cidade e ele vem trazer mentiras aqui”, argumentou Nunes.
Apesar das provocações, o clima foi moderado e os dois candidatos souberam explorar o formato do programa. Quase sempre administram bem o tempo dado a cada um deles. E conseguiram até falar de propostas, demonstrando amplo conhecimento da cidade que querem comandar.
Em alguns momentos, Nunes e Boulos ignoraram a presença do adversário e buscaram falar com o eleitorado, numa tentativa final de buscar os votos de paulistanos dispostos a não votar.
De acordo com a última pesquisa Datafolha, divulgada na quinta-feira (24), 14% disseram votar em branco ou nulo e 2% estão indecisos.
Apuração
A CNN acompanha, em tempo real, a apuração dos votos em todas as 51 cidades do Brasil que disputam o segundo turno neste domingo (27).
Em São Paulo, a contagem dos votos pode ser acompanhada clicando neste link.
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