Ato de Bolsonaro faz governo recalcular estratégia de atuação em comissões do Congresso
Aliados de Lula tentam ampliar controle sobre pautas para combater oposição, fortalecida por ex-presidente
As disputas que envolvem a composição das comissões permanentes da Câmara dos Deputados estão sendo marcadas por uma nova forma de atuação da base governista.
Na última reunião com deputados aliados, lideranças do governo repassaram o pedido do presidente Lula por uma mudança de postura dentro dos grupos responsáveis por balizar as propostas da Casa.
Apesar de evitar comentários públicos sobre o assunto, o governo admite internamente que ato do ex-presidente Jair Bolsonaro, realizado na Avenida Paulista, serviu para fortalecer a imagem da oposição e inflamar as pautas defendidas pelo grupo.
Um movimento de resposta consiste, num primeiro momento, na ampliação da presença de aliados do governo nas cadeiras das comissões. A defesa pela maior quantidade de integrantes é também pelo controle maior sobre a votação de pareceres, além de mais tempo de discurso em dias de sessão.
A avaliação de governistas é que a mesma estratégia tem sido usada por oposicionistas, dispostos a colocarem em pauta assuntos que desgastam a imagem do governo. Fazem parte da lista o marco temporal da terras indígenas, as mudanças sobre o estatuto do desarmamento, além de projetos que tratam sobre aborto e porte de drogas
Uma segunda parte do movimento de contra ataque consiste em aumentar a pressão na briga partidária pela chefia dos colegiados. O impasse vem travando a pauta de votações em plenário e deixando temas não consensuais à espera.
A mudança de rota faz o PT trabalhar para costurar um acordo com o presidente da Câmara, Arthur Lira, na tentativa de demover o PL do comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
A legenda de Bolsonaro alega um acordo, firmado no passado, para assumir o controle sobre da comissão em 2024. Já a cúpula petista na Câmara nega o combinado e tenta emplacar um nome não bolsonarista para o controle do colegiado de peso.
Pelo partido de Bolsonaro, a indicada para a função é a deputada Caroline de Toni (PL-SC), considerada “radical” por boa parte da Câmara. A parlamentar foi uma das poucas a receber autorização para subir no trio do ex-presidente durante o evento da Paulista e tem sustentado discursos e votos contrário às pautas de interesse do governo.
Pressionados para a escolha de um nome mais moderado, representantes do PL tem afirmado que não vão abrir mão da deputada, chancelada por Valdemar Costa Neto.
O PT, no entanto, aposta na negociação de outros colegiados para convencer os rivais. E diante do impasse, a orientação do governo é não ter pressa.