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    Iuri Pitta
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    Iuri Pitta

    Jornalista, mestre em administração pública e governo e professor universitário. Atuou como repórter, editor e analista em coberturas eleitorais desde 2000

    Os 10 pontos para prestar atenção nas eleições municipais de 2024

    Dados do Índice CNN apontam perspectivas para o cenário político que sairá das urnas

    Mais de 155 milhões de eleitores brasileiros estão aptos a irem às urnas neste domingo para eleger 5.569 prefeitos ou prefeitas em todo o Brasil.

    Dessas cidades, 26 capitais e 77 municípios com mais de 200 mil eleitores formam o chamado G103 e podem definir o novo mandatário em 6 de outubro, no primeiro turno, ou no dia 27, data prevista para o segundo turno.

    Para você ficar bem-informado e se situar nesta que foi uma das campanhas eleitorais mais surpreendentes e cheias de reviravoltas, listamos os dez principais pontos de atenção na disputa, muitos dos quais analisados ao longo das últimas semanas no quadro Índice CNN, com o sociólogo e cientista político Antonio Lavareda.

    Quais partidos vão conquistar mais cidades? Quem serão os campeões de voto? As disputas mais acirradas em capitais como São Paulo e Belo Horizonte? Quem teve melhor desempenho: os aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou os do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)? Confira a lista aqui:

    Empate triplo em capitais como São Paulo e Belo Horizonte

    A primeira e a terceira maior capital do país em número de eleitores vivem uma situação sem precedentes: um triplo empate técnico, conforme o agregador de pesquisas Índice CNN, desenvolvido pelo Ipespe Analítica. Em São Paulo, o segundo turno pode ser disputado por Guilherme Boulos (PSOL), apoiado pelo PT e candidato com mais respaldo público de Lula; Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição e aliado do PL e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos); ou Pablo Marçal (PRTB), cujos métodos e performance renderam algumas das principais polêmicas da campanha.

    Em Belo Horizonte, as duas vagas no segundo turno são disputadas por Mauro Tramonte (Republicanos), apoiado pelo Novo do governador Romeu Zema; Fuad Noman (PSD), candidato à reeleição e correligionário do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco; e Bruno Engler (PL), do mesmo partido de Bolsonaro. A esquerda, representada por Duda Salabert (PDT) e Rogério Correia (PT), se dividiu não só entre esses nomes, mas em parte num apoio velado ao atual prefeito.

    Outras capitais registram empate triplo ou mesmo quádruplo. Em Goiânia (GO), o mau desempenho do prefeito Rogério Cruz (Solidariedade) abriu espaço para nomes como o ex-deputado Sandro Mabel (União), correligionário do governador Ronaldo Caiado; a deputada federal Adriana Accorsi (PT); o senador Vanderlan Cardoso (PSD) e o deputado estadual Fred Rodrigues (PL).

    Confronto direto entre PL e PT em Fortaleza e outras grandes cidades

    Quinto maior eleitorado deste ano, a capital cearense pode ser o maior palco de uma disputa direta entre PL e PT. Os partidos de Bolsonaro e Lula lançaram, respectivamente, o deputado federal André Fernandes e o deputado estadual Evandro Leitão, que estão em tendência de alta no Índice CNN e estão numericamente à frente do ex-deputado Capitão Wagner (União), que liderou a pré-campanha, e o prefeito José Sarto (PDT).

    Mas o cenário ainda é de indefinição e a apuração promete ser uma das mais emocionantes do país.

    No geral, o PL tem levado vantagem em relação ao PT nas disputas do G103, tanto no número de líderes e candidatos competitivos nas capitais quanto nas cidades com mais de 200 mil eleitores. Mas são poucas as situações em que há de fato uma disputa entre os dois partidos pelas primeiras posições, como visto em Fortaleza. Fora das capitais, o destaque na disputa entre os partidos de Lula e Bolsonaro é Anápolis (GO), em que o petista Antônio Gomide lidera o Índice CNN desde a pré-campanha, mas vê o candidato do PL Márcio Corrêa cada vez mais próximo.

    Os apadrinhados de Lula e os de Bolsonaro

    O atual e o ex-presidente apadrinharam candidatos não só nos próprios partidos, mas em legendas aliadas Brasil afora. No entanto, isso não fez da polarização nacional a principal tônica das eleições municipais, pautadas mais pelas disputas de grupos políticos locais ou de questões mais próximas do cotidiano das cidades do que dos corredores de Brasília.

    Parte disso porque em grandes capitais, como São Paulo e Rio de Janeiro, Lula e Bolsonaro tiveram diferentes dosagens de participação nas disputas. Na capital paulista, Guilherme Boulos de fato contou com o petista como uma presença constante, ao passo que Ricardo Nunes oscilou entre os momentos de maior e menor proximidade com o ex-presidente, que também pareceu relutante em ser fiador do prefeito.

    Na capital fluminense, a equação se inverteu: Bolsonaro apoiou de forma explícita o deputado Alexandre Ramagem (PL) na disputa contra o prefeito Eduardo Paes (PSD), que tem apoio de Lula, mas não abriu a indicação de seu vice para os petistas cariocas.

    O avanço dos partidos de direita no G103

    Os partidos de direita já predominavam nas capitais e maiores cidades do país em 2020, mas os dados do Índice CNN apontam para um avanço maior desse espectro em detrimento das siglas de centro e de esquerda. A poucos dias do primeiro turno, cerca de 70% das disputas no G103 eram lideradas no agregado das pesquisas por nomes da direita, ante 16% do centro e 11% da esquerda.

    Lavareda destaca que isso ocorre em todas as regiões do país, inclusive nas capitais e grandes cidades do Nordeste, em que Lula saiu vencedor em todos os estados em 2022.

    Na comparação com os resultados das urnas em 2020, PL, União e Republicanos são as siglas que mais podem aumentar o número de prefeitos no G103, enquanto o PT apresenta estagnação, e PSB e PDT tendem a diminuir suas participações no grupo. Da mesma forma, o MDB e, em especial, o PSDB, devem reduzir o número de grandes cidades e capitais sob sua gestão.

    Propaganda na TV versus cortes nas redes

    O desempenho de Pablo Marçal e de outros candidatos apoiados em amplas bases de seguidores nas redes sociais fez muita gente questionar se o tempo de propaganda eleitoral no rádio e na TV ainda importa para o desempenho dos candidatos a prefeito.

    Dados do Índice CNN mostram que, na média, quem tem mais tempo de exposição performa melhor no agregado das pesquisas. Há uma correlação entre quem tem as maiores coligações – e com isso direito a mais espaço na propaganda gratuita – e as maiores posições nos levantamentos. Mas não é possível dizer que mais tempo de TV causará maior intenção de votos, como explica o Ipespe Analítica.

    Ranking geral dos partidos

    Além das 26 capitais e 77 cidades com mais de 200 mil eleitores, os partidos brasileiros disputam os votos de outros 5.466 municípios de pequeno e médio porte. Competem também pelas melhores posições no ranking de mais prefeitos eleitos pelo país.

    Essa capilaridade é buscada pelas siglas visando às eleições de daqui a dois anos, principalmente para elegerem deputados federais – critério principal para determinar o patrimônio político dos partidos, como acesso a fundo partidário e eleitoral e tempo na propaganda de rádio e TV.

    Historicamente, o MDB é o partido que mais vezes elegeu o maior número de prefeitos nas eleições municipais, mas em um volume menor do que costumava atingir em pleitos passados. Atualmente, enfrenta como principais concorrentes o PSD, o PP e o União Brasil, fruto da fusão entre os antigos DEM e PSL. Em 2024, provavelmente o PL despontará entre as siglas com maior número de prefeituras em todo o país.

    O desempenho feminino nas capitais

    Em 2020, apenas uma capital elegeu uma mulher – no caso, a prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB) foi reconduzida a um novo mandato. Quatro anos depois, pelo menos em relação às 26 capitais há uma possibilidade real de aumento no número de gestoras municipais. Há casos em que mais de uma mulher está nas primeiras posições, inclusive com possibilidade de segundo turno exclusivamente feminino em cidades como Aracaju (SE) e Campo Grande (MS).

    Na capital sergipana, a vereadora Emília Corrêa (PL) tem liderado o Índice CNN ao longo de todo o ano e tem como principal adversária a deputada federal Yandra Moura (União). Além delas, o PT lançou a jornalista Candisse Carvalho, que tem aparecido em quarto lugar nos levantamentos. Quem pode ameaçar esse predomínio feminino em Aracaju é o ex-secretário Luiz Roberto (PDT), apoiado pelo prefeito Edvaldo Nogueira, que já está em segundo mandato.

    Em Campo Grande, a ex-deputada Rose Modesto (União) tem liderado o agregado das pesquisas e há uma disputa acirrada entre o deputado federal Beto Pereira (PSDB), do partido do governador Eduardo Riedel e apoiado por Bolsonaro; e a prefeita Adriane Lopes (PP), correligionária da senadora e ex-ministra Tereza Cristina. Ela havia sido eleita vice em 2020 e por isso pode concorrer a um novo mandato.

    Os apadrinhados dos governadores

    Além dos balanços de desempenho dos aliados de Lula e Bolsonaro, vale prestar bastante atenção na performance dos partidos e apadrinhados tanto de governadores com pretensões nacionais quanto daqueles que despontam como futuras lideranças dentro de suas siglas.

    Os principais holofotes estão direcionados ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), principal fiador da campanha à reeleição de Ricardo Nunes. Se o prefeito for bem-sucedido, automaticamente o titular do Palácio dos Bandeirantes poderá colher os louros da vitória – caso contrário, o insucesso poderá afetar a própria relação entre Tarcísio e Bolsonaro, reticente em relação às chances de Nunes. Em compensação, o governador traçou uma estratégia em que mescla apoio a candidatos com chances de vitória em grandes cidades, como Campinas, com Dário Saadi (Republicanos), e evita tomar partido quando há mais de um aliado na disputa.

    Em Minas, o Novo do governador Romeu Zema compõe a chapa de Mauro Tramonte com a vice, Luísa Barreto, mas aliados cobraram maior participação dele na campanha. Em outras cidades do estado, como Uberlândia e Uberaba, ambas no Triângulo Mineiro, os aliados de Zema estão entre os mais bem posicionados nas disputas.

    Outro governador com pretensões presidenciais, o goiano Ronaldo Caiado (União) aposta em Sandro Mabel na capital – ele está entre os cotados para uma vaga no segundo turno – e tem aliados à frente em cidades importantes, como Aparecida de Goiânia, segundo maior eleitorado no estado.

    A força da reeleição

    A maioria dos candidatos à reeleição nas eleições municipais é historicamente bem-sucedido, ou seja, a probabilidade de se conseguir um segundo mandato é maior do que não sair vencedor das urnas quando já se é prefeito. E a regra deve ser mantida em 2024, como projeta Lavareda a partir de dados do IPESPE Analítica.

    Neste ano, 20 das 26 capitais do país têm gestores disputando um segundo mandato, dos quais pelo menos 12 apresentam chances reais de reeleição – número que pode aumentar após a abertura das urnas. Em 2020, 10 dos 13 candidatos no exercício do cargo foram bem-sucedidos.

    No caso das cidades do G103, o Índice CNN mostra na liderança pela menos 24 de 30 prefeitos que podem disputar um novo mandato, o que representaria uma taxa de 80% de sucesso.

    Os campeões de voto nas capitais

    Se muitos prefeitos já são considerados favoritos, pela maior probabilidade de se reelegerem do que não seguirem no cargo, há os casos de gestores que não só devem continuar à frente das prefeituras, como aumentar expressivamente as votações de quatro anos atrás.

    Entre as capitais, o prefeito de Macapá, Dr. Furlan (MDB); o do Recife, João Campos (PSB); o de Maceió, JHC (PL); e o de Salvador, Bruno Reis (União), travam uma disputa particular para saber quem terá a maior proporção de votos em suas respectivas cidades. Desses, apenas o baiano havia sido eleito em primeiro turno em 2020, apoiado pelo então prefeito ACM Neto, ambos na época filiados ao DEM.

    Outro potencial campeão de votos está na fluminense Magé, uma das cidades que pela primeira vez supera os 200 mil eleitores e passou a fazer parte do G103. Lá, o prefeito Renato Cozzolino (PP) detém o maior percentual de intenção de voto aferido pelo Índice CNN, ao lado do prefeito de Macapá. Em São Paulo, o atual prefeito de Itaquaquecetuba, Delegado Eduardo Boigues (PL), e o de São Vicente, Kayo Amado (Podemos), despontam como os que têm mais chances de registrar a maior proporção de votos entre as 30 cidades paulistas do G103.

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