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    Gustavo Uribe
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    Gustavo Uribe

    Uribe tem duas paixões: política e café. Cobriu 4 presidentes e 4 eleições presidenciais. E acorda todo dia às 5h da manhã para trazer em primeira mão os bastidores do poder

    Apontado como sucessor de Lula, Haddad atua como contraponto e desperta ciúmes

    Ministro da Fazenda, na visão do presidente, tem as qualidades necessárias para uma nova fase do PT; para congressistas do partido, no entanto, ele ainda precisa de um "choque popular"

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem em seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad, um contraponto.

    Justamente por destoar de posições ideológicas, o “mais tucano dos petistas” tem sido o último ministro a ser ouvido sobre decisões do presidente.

    O caso mais recente foi a pressão pela demissão do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates. Após uma conversa com Haddad, Lula decidiu repensar uma mudança no comando da empresa estatal.

    Com perfil moderado e posições realistas, Haddad, nas palavras de um dirigente de centro, evita que Lula “tenha a visão ofuscada pelos arroubos da esquerda e por posturas intervencionistas”.

    No momento em que o presidente se afastou de antigos aliados do movimento sindical, Haddad é uma das raras vozes que não se intimidam em discordar de Lula.

    Por isso, Haddad é o ministro, de fora da chamada cozinha do Palácio do Planalto, com maior presença em audiências no gabinete presidencial.

    E tem colecionado vitórias. Em quedas de braço com o grupo político, manteve a meta fiscal de déficit zero, acabou com a desoneração sobre combustíveis e aprovou a reforma tributária.

    Por outro lado, colocou o presidente em maus-lençóis. Como com o veto total à desoneração dos dezessete setores econômicos e a insistência na cobrança da chamada “taxa da blusinha”, sobre as compras de portais internacionais.

    Nos dois episódios, criticam dirigentes petistas, Haddad se deixou levar pela vaidade e pela altivez, características de sua personalidade.

    Em um momento em que o governo federal apresenta uma queda de popularidade, Haddad mantém seu prestígio junto ao mercado financeiro e é um dos auxiliares do governo mais seguidos nas redes sociais.

    Para o CNN Entrevistas, o favorito para assumir o comando nacional do PT, Edinho Silva, resumiu uma visão que hoje é compartilhada por Lula sobre o ministro da Fazenda.

    “Naturalmente, em qualquer circunstância, o Haddad no pós-Lula é candidato. Que ninguém tenha dúvida disso. Ele já foi, teve mais de 40 milhões de votos. Então, não tem ninguém hoje mais preparado para o pós-Lula que o Haddad”, disse.

    Além de qualidades como moderação e sinceridade, Haddad conquistou Lula ao demonstrar jogo de cintura na negociação com o bloco do Centrão no Congresso Nacional e disposição em se reunir até com adversários do governo petista.

    O destaque do ministro, inclusive, tem gerado ciumeira na Esplanada dos Ministérios. No episódio da Petrobras, um auxiliar do presidente criticou que Haddad “tenta sair como salvador da pátria” ao defender Prates.

    Para suceder Lula, parlamentares de esquerda reconhecem as qualidades de Haddad, mas consideram que o ministro precisa de um “choque popular”. Ou seja, ser menos professoral e ser mais humilde.

    Segundo aliados antigos do presidente, Haddad representa o que Lula acredita ser a nova fase do PT: além de um partido das massas, uma sigla da classe média universitária.

    Por isso que o presidente não aposta em um nome com o mesmo perfil ao dele próprio, mas, como canta Caetano Veloso, alguém que seja “o avesso, do avesso, do avesso, do avesso”.