O voto do diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, pela manutenção da taxa básica de juros em 10,5% ao ano foi considerado estratégico pelo governo federal.

O posicionamento já era esperado, inclusive, pela equipe econômica. O diagnóstico é de que, neste momento, o diretor, que já foi braço direito de Fernando Haddad, precisava mostrar uma postura moderada.

Nas palavras de um assessor do governo, agora, o mercado financeiro não poderá mais dizer que o diretor não é técnico e segue as diretrizes da política econômica.

No Palácio do Planalto, a avaliação é semelhante. O diagnóstico é de que, neste momento, é importante para Galípolo fazer um aceno ao mercado financeiro caso ele tenha a pretensão de assumir a instituição financeira.

Além disso, a indicação de um presidente do Banco Central passa por sabatina no Senado Federal. Ou seja, Galípolo precisa do apoio de siglas de centro.

Na reunião de ontem, mesmo diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para compor o Comitê de Política Monetária votaram para manter a Selic em 10,5%.

O mandato do atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, acaba só em dezembro.

O entorno do presidente tem defendido que o anúncio do nome seja feito em agosto, após o fim do recesso parlamentar.

A avaliação é de que a estratégia tem potencial para esvaziar Campos Neto e dar tempo para que o indicado se reunisse com senadores governistas e oposicionistas.
O próprio Campos Neto já defendeu uma indicação ainda neste ano.