Setor de serviços dobra a esquina da pandemia e acende luz amarela no BC
Após quatro anos, finalmente todos os cinco segmentos dos serviços superaram fevereiro de 2020, o fatídico mês que antecedeu o início da pandemia. Nesse novo mundo da volta à normalidade, o Banco Central teme a alta dos preços
O setor de serviços está a ponto de dobrar uma esquina. Após quatro anos, finalmente todos os cinco segmentos dos serviços superaram fevereiro de 2020, o fatídico mês que antecedeu o início da pandemia. Nesse novo mundo da volta à normalidade, o Banco Central teme a alta dos preços.
No fim de 2023, pela primeira vez desde a pandemia, a pesquisa do IBGE mostrou que todos os cinco segmentos dessa área da economia haviam, finalmente, deixado para trás o patamar visto em fevereiro de 2020.
Foram necessários 45 meses para que os serviços prestados às famílias — como hotéis e restaurantes — finalmente superassem o tombo.
Esse foi, justamente, o ramo mais prejudicado com a chegada da Covid -19. Com as pessoas trancadas em casa à espera de uma vacina, o IBGE registrou a incrível queda de 64% da atividade destinada às famílias em abril de 2020.
Os outros quatro segmentos — informação e comunicação, profissionais e administrativos, transportes e outros — superaram a pandemia entre 2020 e 2022.
Agora, portanto, o mundo dos serviços voltou completamente ao normal.
Dias depois de conhecer os números do IBGE, o BC divulga a ata da reunião de março do Comitê de Política Monetária (Copom) em que demonstra “maior preocupação” com possíveis efeitos da ampliação dos ganhos reais dos salários sobre a dinâmica da inflação de serviços.
Alguns desses preços têm grande peso na inflação. Na conta do IPCA, o peso de saúde e cuidados pessoais chega a 13,5% e o conjunto de despesas pessoais – como empregado doméstico, cabeleireiro e serviços bancários — somam outros 10,7% da inflação oficial.
Na ata, o Copom chama atenção que o aumento de salários sem ganho de produtividade “pode potencialmente retardar a convergência da inflação, impactando notadamente a inflação de serviços e de setores mais intensivos em mão de obra”.
Dois dos segmentos dos serviços com uso intensivo de mão de obra têm peso importantíssimo no IPCA: educação, com 6,1%, e serviços de saúde, com 5,8%.
Entre os economistas, ficou claro que o BC ligou modo cautela e se prepara para começar a pisar no freio. Não será em maio, talvez nem em junho, mas os cortes da taxa Selic de 0,5 ponto vão acabar em breve.
Resta, apenas, saber o que fará o BC pisar no freio. Provavelmente, serão os serviços.