Haddad reconhece que não há consenso no G20 para imposto de bilionários e pede abertura de discussão
Brasil convidou Gabriel Zucman, economista que defende a tributação dos bilionários, para uma palestra para tratar do tema e tentar ajudar a sensibilizar ministros e presidentes de banco central
O Brasil reconhece que há diferentes visões no G20 sobre a taxação de bilionários e nem todos os países do grupo apoiam a criação de impostos para super ricos. Diante disso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quer, pelo menos, iniciar a discussão sobre o tema.
“Sei que há diferentes visões sobre o tema na sala, mas espero que a apresentação seja informativa e abra caminho para futuras discussões baseadas em evidência”, disse na abertura dos trabalhos no segundo dia da reunião financeira das 20 maiores economias do mundo.
Para a reunião desta quinta-feira, o Brasil convidou Gabriel Zucman, economista que defende a tributação dos bilionários, para uma apresentação sobre o tema e, assim, tentar sensibilizar ministros e presidentes de banco central.
Diante dessa divergência sobre o tema e sem espaço para a convergência de opiniões nesta reunião, o ministro brasileiro anunciou que o Brasil “buscará construir uma declaração do G20 sobre tributação internacional até a nossa reunião ministerial em julho”.
“Consultaremos todos os membros e trabalharemos em conjunto para termos um documento equilibrado, porém ambicioso, que reflita as nossas legítimas aspirações”, disse.
Bilionários usam buracos no sistema
No discurso, o brasileiro voltou a disparar contra os super ricos. Haddad defendeu uma ação conjunta do G20 para diminuir “as oportunidades para que um pequeno número de bilionários continue tirando proveito de buracos em nosso sistema tributário para não pagar sua justa contribuição”.
“É um fato inquestionável que os bilionários do mundo continuam evadindo nossos sistemas tributários por meio de uma série de estratégias. O mais recente relatório do Observatório de Impostos da União Europeia sobre evasão fiscal demonstrou que bilionários pagam uma alíquota efetiva de impostos equivalente a entre 0% e 0,5% de sua riqueza”, disse Haddad.
Um dos autores do estudo citado é exatamente Gabriel Zucman – o economista francês convidado para o evento em São Paulo.
“Colegas, eu sinceramente me pergunto como nós, ministros da Fazenda do G20, permitimos que uma situação como essa continue. Se agirmos juntos, nós temos a capacidade de fazer com que esses poucos indivíduos deem sua contribuição para nossas sociedades e para o desenvolvimento sustentável do planeta”, completou o ministro brasileiro.
No discurso, o ministro brasileiro disse ainda que não há contradição entre as diferentes agendas sobre a tributação internacional das grandes empresas de tecnologia, das corporações e dos super ricos.