Sem reservas para alta temporada, hotéis demitem funcionários na Argentina
Setor local viu custos, como lavanderia, material de limpeza e alimentação, triplicarem
Em Villa La Angostura, cidade ao sul da província de Neuquén, na região dos lagos andinos, a situação não é das melhores. Tendo o turismo como uma das principais fontes de renda, o setor hoteleiro local viu custos, como os de lavanderia, material de limpeza e alimentação, triplicarem.
O que não triplicou foi o número de hóspedes. Na verdade, a falta deles pode fazer com que uma das pousadas da região feche as portas por um tempo.
“Na alta temporada tenho sete funcionários, e a partir de março ficarei com quatro apenas. Caso não consiga reverter a falta de reservas, fecharei por dois meses e retornarei somente no inverno”, relata Maria Ines Cola, gerente da Hosteria Amigos del Bosque.
Ela conta que o setor como um todo vive algo semelhante, já que o que se viu nos últimos meses em Villa La Angostura foi uma redução nos gastos dos turistas com restaurantes e compras.
“O grande golpe nos nossos bolsos veio com a desvalorização do câmbio e o consequente aumento dos preços sem que houvesse atualização dos salários”, pontua.
O problema é que as perspectivas para os próximos meses para o setor nesta região da Patagônia não são das melhores.
Segundo Ines, a partir de abril, as reservas caem para, no máximo, 2% da capacidade hoteleira, e para as férias de inverno ainda não há reservas.
Em 2022 e 2023, o turismo local contou com a ajuda do PreViaje, um programa que devolvia até 50% das reservas de passagens e hotéis em forma de crédito, para ser usado durante passeios com parceiros — e isso ajudava a movimentar a baixa temporada. Mas para este ano, sob a gestão Milei, o programa foi desativado.
A gerente da pousada entende que é importante manter a ordem na gestão das contas públicas, mas avalia que a desaceleração da inflação apenas às custas da redução do consumo, apesar de ser uma medida com impacto imediato, é muito doloroso.