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    Débora Bergamasco
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    Débora Bergamasco

    Débora Bergamasco é jornalista, com passagem pelas redações de Estadão, Folha, O Globo, Época, IstoÉ e SBT

    Governo quer que aniversário de 60 anos do golpe militar passe em branco

    Nem críticas do Executivo, nem celebração nas Forças Armadas; Planalto pretende manter silêncio e tem garantias das Forças Armadas de que não haverá referências a 1964 no dia 31 de março

    O golpe militar de 1964 completa 60 anos no dia 31 de março, e a orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é para que não haja, por parte do governo, manifestações ou eventos oficiais relacionados à efeméride.

    Em contrapartida, o Palácio do Planalto também espera silêncio das Forças Armadas em relação à data — sem leitura de ordem do dia com referências ao golpe.

    Fontes do Ministério da Defesa afirmam que os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica já deram garantias de respeito a esse acordo tácito. Não haverá alusão ao dia em que militares se rebelaram e destituíram o presidente João Goulart.

    Desde que assumiu a Presidência, Lula trabalha para se reaproximar dos militares e promover o que fontes do Palácio do Planalto chamam de “desbolsonarização” das Forças.

    Em recente entrevista à RedeTV, ao ser perguntado sobre o golpe de 1964, ele respondeu que não ficaria “remoendo” o passado.

    No aniversário de 50 anos do golpe, quando Dilma Rousseff era presidente do Brasil, a postura do governo petista foi outra. Perseguida, presa e torturada por militares durante a ditadura por se opor ao regime, Dilma marcou a data com discurso durante evento no Palácio do Planalto.

    “O dia de hoje exige que nós nos lembremos e contemos o que aconteceu. Devemos isso a todos os que morreram e desapareceram, devemos aos torturados e aos perseguidos, devemos às suas famílias, devemos a todos os brasileiros. E continuou: “Lembrar e contar faz parte, é um processo muito humano e faz parte desse processo”.

    No governo de Jair Bolsonaro (PL), a postura foi oposta. Em 2020, a ordem do dia emitida pelo Ministério da Defesa tratou o golpe como um “marco para a democracia”.

    No ano seguinte, o manifesto dos militares dizia que “liberdades democráticas que hoje desfrutamos” foram conquistadas a partir do momento em que as Forças Armadas assumiram “a responsabilidade de pacificar o país” por meio do golpe de 1964.