Análise: Fernandes esconde Bolsonaro e Leitão cola em Lula no debate em Fortaleza
O debate da TV Bandeirantes nesta segunda-feira (14) repetiu a estratégia adotada pelos candidatos durante o primeiro turno: Evandro Leitão, do PT, tentou nacionalizar a discussão.
André Fernandes, do PL, escondeu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), focou em propostas para Fortaleza e mostrar conhecimento sobre a cidade.
Em suas primeiras palavras durante o confronto, Leitão ressaltou sua boa relação com o governo federal e estadual. “Meu projeto é o projeto de Lula, Camilo e Elmano”, em referência ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao ministro da Educação, Camilo Santana, e ao governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT).
Destacou ter compromisso com os programas federais Minha Casa Minha Vida, Fies e Prouni. Durante todo o debate, Leitão trabalhou para colar em seu adversário o selo de bolsonarista. E chamou Fernandes de “filhote” de Bolsonaro e “aliado de primeira hora de Bolsonaro”.
A estratégia de André Fernandes foi na direção contrária.
Ele se esquivou da polarização política nacionalizada. Evitou mencionar Bolsonaro, mas também não quis criticar Lula, já que no primeiro turno obteve votação de parte de eleitores do presidente da República.
A campanha também leva em conta a votação do presidente em 2022. Lula obteve 58% dos votos na capital cearense, enquanto Bolsonaro somou 41%.
O foco de Fernandes no debate da Band foi discutir os problemas da cidade.
“Estamos aqui para falar de Fortaleza. Ele (Leitão) tenta nacionalizar a eleição”, disse o deputado federal. E prometeu que a cada ataque apresentaria uma proposta.
Repetiu o que vem dizendo ao longo da campanha para se desvencilhar de Bolsonaro: “O candidato sou eu”. E acusou o petista de depender “das três bengalas” que, segundo ele, são Lula, Camilo e Elmano.
Experiência
André Fernandes, de 26 anos, que já foi deputado estadual e está no primeiro mandato de deputado federal foi acusado pelo adversário de não ter experiência para governar a cidade.
“Eu tenho experiência”, disse Evandro Leitão, de 57 anos. Ele ressaltou estar no terceiro mandato de deputado federal, ser presidente da Assembleia Legislativa, além de ter sido secretário de estado e presidente do clube de futebol Ceará Sporting Club.
Independência
Já Evandro Leitão foi acusado por Fernandes de ser um “candidato poste” de Lula, Camilo e Elmano. O concorrente do PL alegou ser independente, não ter o compromisso de lotear cargos na prefeitura e afirmou: “Ninguém pega na minha munheca”.
Assim o debate se arrastou até o fim. Evandro evocando o espírito de Bolsonaro para assustar Fernandes, que ignorava o colega de partido.
Os dois candidatos fizeram promessas sobretudo nas áreas da saúde, da educação e da segurança pública. Mas não explicaram como pretendem tirá-las do papel nem de onde sairá o dinheiro. Tampouco foram perguntados.